Associações que reúnem meios de comunicação se mostraram contrárias a pontos do projeto de lei, de autoria do senador Roberto Requião (PMDB-PR), aprovado nesta quarta-feira (4) no Senado, que regulamenta o direito de resposta nos órgãos de imprensa.
A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), criticou, por meio de nota, a “retomada do dispositivo que prevê que o ofendido possa dar a resposta ou fazer a retificação pessoalmente em veículo de rádio ou TV”. Para a entidade, o trecho poderá “inviabilizar o trabalho dos veículos de comunicação, limitando a atividade jornalística”.
O trecho do projeto de lei criticado pela associação havia sido retirado do projeto quando este foi aprovado pela Câmara, mas os senadores o reinseriram de volta no texto quanto a matéria voltou à Casa -onde já havia passado em primeira votação em 2014.
De acordo com a proposta, as empresas jornalísticas devem publicar a resposta de pessoa ou empresa que se sentir ofendida de forma “gratuita e proporcional” ao conteúdo considerado ofensivo.
Já a ANJ (Associação Nacional dos Jornais) tem críticas a um outro dispositivo do texto. A associação considera o direito de resposta um princípio constitucional e o “outro lado da liberdade de imprensa”, mas critica um dos artigos do projeto de lei.
O problema, para a entidade, é que o texto estabelece que, se o veículo de imprensa quiser recorrer de uma decisão judicial que o obrigue a publicar um direito de resposta, seu pedido será analisado por uma turma de juízes, e não monocraticamente por apenas um -e tramitando no ritmo normal do judiciário, e não em regime acelerado, como será oferecido a quem se disser ofendido pela mídia.
O diretor-executivo da entidade, Ricardo Pedreira, explica que, como as turmas se reúnem apenas periodicamente, a associação teme que o artigo torne a possibilidade de apresentar recurso inócua. “Na prática, quando o colegiado examinar um recurso, a resposta pode já ter sido publicada pela decisão anterior”, afirma.
Se determinada pelo juiz, a publicação da resposta deve ocorrer em até dez dias, sob pena de multa diária ao órgão de imprensa, com valor a ser fixado pelo magistrado.
O projeto foi votado pelo Senado em 2013 mas só foi analisado pela Câmara no último dia 20. Ele foi pautado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de última hora, o que pegou líderes partidários de surpresa. Eles reclamaram que a matéria não havia sido discutida previamente. Já no Senado, o PL foi amplamente defendido e elogiado pelos senadores.
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