A entrada do ministro Gilberto Kassab (Cidades) na coordenação política do governo, anunciada na quarta-feira pela presidente Dilma Rousseff, provocou reação imediata do PMDB. Apesar da ideia de integração dos partidos da base aliada ter sido feita pelo vice-presidente Michel Temer, peemedebistas que integram a cúpula do partido afirmam reservadamente não confiar nas intenções da presidente com a indicação de Kassab para o grupo. Ao chamar Kassab e o ex-governador do Ceará Cid Gomes (PROS) para serem ministros, em dezembro passado, a estratégia de Dilma era se fortalecer no Congresso por meio dos dois partidos, numa tentativa de deixar de depender do PMDB.

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“Com a participação de Kassab, as reuniões serão pro forma, vamos participar mas será com a presença física, qual confiança se tem?”, disse um peemedebista da cúpula.

Os integrantes do PMDB cobram agora que Dilma sancione imediatamente o projeto de lei aprovado na semana passada pela Câmara e pelo Senado que dificulta a fusão de novos partidos. O objetivo é impedir que a manobra de Kassab de criar outra legenda, o PL, e fundi-la com o PSD provoque uma debandada em outras siglas já existentes.

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A primeira reunião da nova coordenação foi marcada para a próxima segunda-feira, às 9h, no Palácio do Planalto. Foram chamados por Dilma os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Pepe Vargas (Relações Institucionais), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), Eduardo Braga (Minas e Energia), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia), Gilberto Kassab (Cidades), Thomas Traumann (Comunicação Social), além de Temer e do assessor especial da presidente, Gilles Azevedo.

Padilha disse nesta quinta-feira que a ampliação das reuniões ajudará muito a resolver problemas do governo com a base aliada no Congresso e até com o Judiciário.

“Vamos partir para o enfrentamento de todos os problemas políticos, no Executivo, no Legislativo e, em alguns momentos, até com o Judiciário”, disse o ministro.

Diálogo

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta quinta-feira que os partidos da coalização da presidente precisam “conversar mais” e que a mudança na articulação política deve se voltar para solucionar as arestas com a base aliada.

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“Não cabe a mim encaminhar uma solução. Acho que, na coalizão, os partidos precisam conversar mais, para que tenhamos um fundamento. O Brasil precisa muito disso. Essa questão da articulação do governo está afeta aos partidos. Não cabe ao Congresso opinar sobre ela. O Congresso tem que ser cada vez mais Congresso. Ontem, limpamos a pauta de vetos”, disse Renan.