Brasília - Osmar Dias (PDT) é o único entre os três senadores paranaenses que defende o afastamento do presidente José Sarney (PMDB-AP). Alvaro Dias (PSDB) e Flávio Arns (PT) preferem que ele se mantenha no cargo. A proporção reflete o posicionamento geral dos 81 senadores.
De acordo com enquete entre 68 senadores publicada anteontem pelo jornal Folha de S.Paulo, apenas 22 defendem abertamente a saída temporária de Sarney até que todas as denúncias sejam apuradas.
Na semana passada, Cristovam Buarque (PDT-DF) foi o primeiro a pedir o afastamento. Ele foi seguido por Pedro Simon (PMDB-RS). A expectativa é de que mais senadores usem o plenário da Casa nos próximos dias para cobrar Sarney, especialmente após a divulgação de que o neto dele, José Adriano Sarney, intermediava empréstimos consignados para servidores da Casa.
"Seria uma atitude de grandeza ele se licenciar. Depois, caso seja comprovado que não há irregularidades, pode voltar tranquilamente", reforçou Osmar. A posição é oposta à do irmão, Alvaro. Para ele, Sarney só deve se afastar caso decida isso sozinho.
"Não sei se o afastamento soluciona. O mais importante é tomar providências e, para mim, elas estão sendo tomadas." Alvaro declarou que Sarney agiu bem ao afastar diretores, implantar o portal da transparência e colaborando com as investigações do Ministério Público Federal.
A visão de Alvaro destoa do discurso da maioria do PSDB. O líder do partido no Senado, Arthur Virgílio, tem sido um dos parlamentares mais ácidos nas críticas a Sarney. Na eleição para a presidência da Casa, em fevereiro, Alvaro também havia sido contra o acordo entre PSDB e PT para apoiar Tião Viana (PT-AC) contra Sarney.
Flávio Arns afirmou que Sarney deve permanecer no cargo, mas precisa evitar qualquer contato com as investigações. Ele sugere a formação de um grupo com membros da Mesa Diretora e líderes partidários para apurar as denúncias e implantar medidas para evitar novos escândalos. O petista disse que as respostas aos problemas precisam ser mais dinâmicas. "Não devemos personalizar tanto essa crise, achar que a saída deste ou daquele senador vai resolver tudo de uma hora para outra."
Na última crise que atingiu a presidência do Senado, em 2007, os três paranaenses votaram pela cassação de Renan Calheiros (PMDB-AL). Julgado por quebra de decoro por ter as despesas com uma filha fora do casamento supostamente pagas por um lobista, Calheiros acabou absolvido pela maioria dos colegas.
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