Curitiba A entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao programa "Roda Viva", exibida na segunda-feira pela TV Cultura, complicou ainda mais a já conturbada relação entre o governador Roberto Requião (PMDB) e o PT paranaense.
Ontem, na reunião semanal do secretariado, Requião fez duras críticas à entrevista, classificando-a de "brincadeira previamente acordada".
O governador, que é um crítico habitual da política econômica do presidente Lula, conduzida pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que a entrevista é uma antecipação do processo eleitoral de 2006 e demonstra que petistas e tucanos devem polarizar as próximas eleições com discursos econômicos parecidos. "Nós tivemos uma prévia do que pode ser uma eleição entre o PT, do Lula, do Meirelles e do Palloci, e do PSDB, do Fernando Henrique. Não discutiram nada de essencial, nenhuma coisa que questionasse a política econômica, os 145 milhões de reais transferidos aos bancos através dos títulos dos financiamentos da dívida pública, os juros mais altos do planeta", afirmou o governador .
Requião também criticou os jornalistas que conduziram a coletiva.
"Foi um debate entre o PSDB da TV Cultura de São Paulo e o PSDB que está instalado no BC... Ficaram discutindo quem roubou a bolsa da madame. Os entrevistadores se furtaram da missão jornalística de se aprofundar sobre a política nacional. Não foi uma entrevista. Foi uma encenação." As declarações do governador geraram um mal-estar na bancada do PT na Assembléia Legislativa.
O partido vive uma contradição. Oficialmente integra a base de apoio de Requião no Legislativo, mas, para 2006, não deve apoiar o governador em uma eventual candidatura à reeleição.
"Isso não contribui em nada para quem está cortejando a noiva", analisou o deputado Elton Welter.
O presidente do PT no Paraná, deputado André Vargas, fez a defesa mais veemente de Lula. Segundo Vargas, Requião só estaria apto a criticar o presidente quando desse uma entrevista coletiva no Paraná. "O Lula respondeu a diversas perguntas, embaraçosas até. Já o Requião nunca deu coletiva porque não sabe aceitar críticas. Ele fala em acordo PT e PSDB, mas quem namora os tucanos no Paraná é ele."
O líder do PT na Assembléia, deputado Tadeu Veneri, ainda tentou contornar o episódio afirmando que a discussão sobre a conjuntura econômica do país foi mesmo tratada de forma "superficial na entrevista no momento em que os bancos apresentam seus maiores ganhos". Ao que parece não adiantou.
O principal aliado petista do governador, o secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Padre Roque Zimermann, disse "discordar diametralmente" do governador. "Acho que ele viu outra entrevista. O presidente não fez nenhuma exigência aos jornalistas, não houve encenação e nem acordo."
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