Como o senhor avalia o pedido de renúncia de Carli Filho?
A renúncia foi um gesto pensado e calculado. Foi a melhor alternativa, porque poupa o parlamentar e a família dele de um desgaste politico. A pressão da opinião pública estava muito forte. Dessa maneira, ele preserva o futuro político já que poderá se eleger nas próximas eleições. Foi um jogo de cena, que é a etiqueta do Parlamento. Não há nunca uma derrota final. O Parlamento funciona assim. Todos são obrigados, por cortesia, a tratar bem seus pares seja na vitoria ou na derrota. É um mundo das aparências. A renúncia poupa os deputados e a própria Assembleia de um desgaste maior proporcionado pela sociedade. O que se viu dentro da Assembleia foi uma escassa discussão sobre o fato de um parlamentar dirigir com a carteira vencida e se envolver num acidente grave com duas vítimas fatais. O que mais se discutiu em plenário foi o mérito da renúncia.
O que significou para os demais deputados a renúncia de Carli Filho?
Foi um alívio. A situação estava contagiando todos eles (parlamentares). Começou quando a imprensa começou a divulgar a situação da carteira de habilitação do Carli Filho, e depois do pai (o prefeito de Guarapuava, Fernando Ribas Carli) e do tio (o deputado Plauto Miró). E a partir daí começou a contaminar o partido dele (PSB) e em seguida quase a metade dos deputados. O que se viu foi que muitos daqueles que julgariam Carli Filho tinham teto de vidro, ou seja, estavam em situação semelhante. Num gesto calculado, a renúncia foi a melhor alternativa tanto para Carli Filho quanto para os demais deputados. Poupou o parlamentar, a família e a própria Assembleia de um desgaste politico enorme.
De certa forma, então, o senhor acha que o corporativismo se sobrepôs a ética?
Sem dúvida. Basta ver que ao longo dos anos a Mesa Executiva foi composta por unanimidade. Isso é muito ruim porque mostra que não há oposição, fiscalização e debates. Não há desgaste político nenhum. É o corporativismo se sobrepondo à ética e ao papel do deputado.
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