Cinco envolvidos no "mensalão do DEM", esquema de corrupção do qual o governador afastado, José Roberto Arruda (ex-DEM), seria o chefe, foram demitidos dos cargos de chefia que ocupavam no governo do Distrito Federal. As exonerações, assinadas pelo governador interino, Wilson Lima (PR), foram publicadas na edição de hoje do Diário Oficial do DF
Os cinco exonerados estavam afastados do governo desde o final de dezembro, quando foi deflagra a Operação Caixa de Pandora. São eles: o ex-secretário da Casa Civil José Geraldo Maciel, o ex-secretário de Educação José Luiz Valente, o ex-chefe de gabinete de Arruda Fábio Simão, o ex-assessor de imprensa do governo Omézio Pontes, e o ex-diretor da unidade de administração da Secretaria de Educação Gibrail Gebrim.
Foi o próprio governador José Roberto Arruda quem pediu o afastamento deles, no mesmo dia que determinou a demissão do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa. Barbosa era o operador do esquema de corrupção, que cobrava propina de empresas contratadas pelo governo e depois distribuía o dinheiro entre assessores, secretários de governo e deputados distritais. O ex-secretário está sob tutela do programa de proteção à testemunhas desde que delatou os envolvidos no esquema. José Roberto Arruda está preso há 22 dias pela Polícia Federal por tentativa de suborno a uma das testemunhas do caso, o jornalista Edson Sombra.
O governador interino disse, por meio da assessoria de imprensa, que não havia justificativa para que os cinco investigados continuassem na situação de funcionários afastados do governo e, por isso, achou mais coerente demiti-los.
Wilson Lima foi avisado por seus assessores na última terça-feira que a situação dos cinco investigados estava pendente. No dia seguinte, o governador encaminhou projeto à Câmara Legislativa que reajusta o salários dos cirurgiões-dentistas contratados pelo governo. No mesmo projeto, existe uma emenda que concede foro privilegiado ao chefe de gabinete e secretários das Casas Civil e Militar do governo do Distrito Federal. Uma vez aprovado este projeto, Fábio Simão e José Geraldo Maciel seriam beneficiados.
Nesta quinta-feira, no entanto, Wilson Lima pediu a exoneração dos cinco envolvidos no esquema de corrupção local, dentre eles Maciel e Simão. Procurada, a assessoria do governador afirmou que todos os outros secretários de governo têm a prerrogativa do foro privilegiado e que, em algum momento, o governo pediria a extensão do benefício aos chefes do gabinete do governador e das Casas Civil e Militar.
O assessor do governador admitiu, porém, que o envio da emenda neste momento foi "inoportuno" e garantiu que a assessoria legislativa do governo enviou à Câmara uma "emenda supressiva", pedindo a retirada do chamado "jabuti" do projeto.