Daniel Madureira é remanescente do primeiro grupo de intérpretes da Câmara. Ao longo dos últimos seis anos, avalia ele, o clima do plenário nunca foi tão quente quanto na gestão Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Depois que ele entrou, parece que todos ficaram mais nervosos. Todo dia tem discussão pesada.”
A avaliação tem valor. Junto com os taquígrafos, os intérpretes estão provavelmente entre os únicos brasileiros que realmente acompanham o que se fala no plenário – é mais do que comum ver sessões em que os deputados não prestam a mínima atenção no que os colegas discursam. “Eduardo Cunha é, dos últimos presidentes, o que mais tem controle das sessões. Corta microfone, dá um minuto da palavra a mais para esse ou aquele líder”, afirma Aline Mendes, que começou em 2012.
Como em qualquer tarefa, eles desenvolvem preferências. Madureira e Érica Carvalho Mandeta tem um preferido, Chico Alencar (PSol-RJ). O motivo é o conteúdo. Professor de História, Alencar tem mais vocabulário que a média, mas não é rebuscado. Além disso, tem uma veia irônica que dispara tanto contra petistas quanto tucanos.
Dentre todos, Jair Bolsonaro (PP-RJ) é o que requer mais atenção especial. “Procuro ser extremamente cuidadoso porque quase tudo o que ele fala vira polêmica, vai parar no Youtube, no Facebook. Esses dias me vi no Programa do Ratinho em uma matéria sobre as brigas dele com os homossexuais”, diz Madureira.
Bolsonaro, no entanto, perde no quesito complexidade para Paes Landim (PTB-PI). De acordo com os intérpretes, não por uma questão política, mas de dicção. O deputado pode falar rápido, só dizer besteira, mas ser incompreensível é demais para qualquer intérprete profissional.
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