São Paulo - Os dois anos de sucessivas falhas na aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não só desgastaram o ministro da Educação, Fernando Haddad, preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para continuar à frente da pasta no governo Dilma Rousseff, como abriram espaço para que outros candidatos disputem a vaga. Em meio às negociações para a formação do futuro governo, o PSB pode abocanhar também o Ministério da Educação e ampliar sua participação no Planalto que hoje se restringe ao Ministério de Ciência e Tecnologia e Secretaria Especial dos Portos. Segundo fontes ligadas à legenda, o nome mais cotado é o do deputado federal eleito e vereador por São Paulo Gabriel Chalita.
Ex-secretário da Educação do estado de São Paulo na gestão Geraldo Alckmin (PSDB), Chalita tem a confiança da presidente eleita. Ele foi um dos responsáveis pela aproximação de Dilma com setores da Igreja Católica desde a pré-campanha e atuou como "bombeiro" na articulação entre a candidata e a Igreja nos momentos mais delicados da campanha, quando as discussões envolvendo temas como aborto e a união civil entre pessoas do mesmo sexo fizeram a petista perder pontos nas pesquisas de intenção de voto.
Na disputa com Chalita estão nomes como o da filósofa Marilena Chauí, ex-secretária em São Paulo durante a gestão de Luiza Erundina, o do escritor Fernando Morais e o do senador petista Aloizio Mercadante. Chalita é considerado um gestor agregador e mobilizador das redes de ensino, com boas chances de pôr fim à crise que colocou o Enem em xeque. "Para ela [Dilma] o que aconteceu com o Enem é inconcebível", conta um integrante do PSB ao criticar as falhas consecutivas na aplicação da prova.
Caso seja escolhido para dirigir o Ministério da Educação, Chalita deverá promover mudanças significativas no Enem, começando com a aplicação da prova em três datas diferentes ao longo do ano, como defende a ex-secretária executiva do MEC Maria Helena Guimarães de Castro, uma das criadoras do Enem na gestão Fernando Henrique Cardoso. No passado, Chalita fez críticas ao Enem, o qual classificou como "tão ruim quanto os antigos vestibulares".
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