A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) desistiu ontem de ocupar a vaga de vice na chapa de Fernando Haddad (PT) à prefeitura de São Paulo. Erundina, que na semana passada havia aceitado compor com o PT paulistano, sentiu-se incomodada com o apoio fechado na segunda-feira entre os petistas e o PP do deputado federal Paulo Maluf. A aliança foi fechada numa reunião entre o ex-presidente Lula, Haddad e Maluf na casa do deputado do PP.
O desconforto de Erundina, ex-prefeita de São Paulo, foi evidenciado em entrevistas dadas durante o dia de ontem. "Vou rever minha posição. Não preciso ser vice para fazer política", afirmou ela à Veja. Ao Globo, a deputada disse: "É uma situação muito constrangedora [estar ao lado de Maluf]". Erundina e Maluf são rivais históricos em São Paulo.
Haddad lamentou a decisão de Erundina: "Não gostei, gostaria que ela permanecesse". O presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, afirmou que o partido não vai mais reivindicar a vaga de vice na chapa de Haddad.
Apoio por cargo
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, admitiu ontem que o cargo no Ministério das Cidades entregue a um aliado de Maluf fez mesmo parte da negociação para que o PP desse apoio formal à candidatura de Haddad. Osvaldo Garcia foi nomeado há poucos dias para a Secretaria de Saneamento Ambiental das Cidades, pasta cujo ministro, Aguinaldo Ribeiro, é do PP.
"Houve uma troca [de cargos], como tem havido em qualquer negociação. Não houve dinheiro", disse Carvalho. "O importante é a hegemonia política e ideológica", justificou o ministro. "É uma aliança [com o PP] que está na nossa base no governo federal." Sobre a proximidade com Maluf, Carvalho declarou: "Não acho que seja uma catástrofe. Se o PP assina a proposta [de governo do PT para São Paulo], não vejo problema".
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