A oposição acredita que com o depoimento do publicitário Duda Mendonça na CPI dos Correios o governo não tem mais como evitar sua ligação com o esquema montado pelo empresário Marcos Valério. O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) chegou a dizer no plenário do Senado que o processo de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria que começar a ser discutido, depois que Duda relatou que Valério lhe pedira para abrir uma conta num paraíso fiscal para receber dívidas do PT.
Mais tarde, na própria CPI, Alvaro Dias voltou a falar em impeachment, mas suavizou o discurso dizendo estar preocupado com a reação do mercado financeiro à crise no governo e à situação do presidente.
- Depois das revelações de Duda e Zilmar, a alternativa do impeachment tem que ser discutida, embora eu não a deseje com toda a sinceridade - afirmou o senador, para depois completar:
- Sou obrigado a afirmar com toda a sinceridade que acredito, que tenho convicção que os recursos que sustentaram essa generosidade do senhor Marcos Valério são recursos oriundos dos impostos pagos com tanto sacrifício pelo povo brasileiro. Estou fazendo esse tipo de colocação porque sei que houve uma turbulência no mercado em função do anúncio dessa hipótese do impeachment e, como fiz um discurso na tribuna do Senado, estou querendo colocar nos devidos termos o que imagino ser nossa responsabilidade de procurar neste momento a melhor saída para o país. Mas nós queremos que a melhor saída seja aquela encontrada com senso de responsabilidade de todos os agentes públicos deste país - acrescentou o senador.
O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) também disse que cada vez mais está se configurando a presença do governo nas irregularidades apuradas pelas CPIs, mas afirmou que não deseja o impeachment de Lula, a quem pretende vencer nas urnas em 2006.
- Não acho que seja caso de impeachment. Ele está desgastado, a situação do governo piorou muito, mas não desejo o impeachment de Lula, quero derrotá-lo nas urnas em 2006. As acusações são gravíssimas. Não adianta pedir o impeachment nesse momento, mas está se configurando a presença do governo nesses atos ilícitos. É preciso investigar as estatais - disse ACM, para quem Duda Mendonça falou 90% da verdade sobre a campanha de 2002.
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) perguntou ao relator da CPI dos Correios Osmar Serraglio (PMDB-PR) se havia ficado claro, com os depoimentos desta quinta-feira, que parte da dívida do PT com a agência de publicidade de Duda Mendonça foi paga com dinheiro sacado das contas de Valério.
- Sim - respondeu secamente o relator.
Sampaio, então, foi além e disse que, caso fique comprovado que a dívida foi paga em moeda estrangeira, o partido deve ser extinto.
- Fica claro que o valerioduto pagou dívidas do PT - disse o deputado.
A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) concordou com o parlamentar.
- Estamos diante da ação do crime organizado que pode até levar à extinção do partido.
AleluiaEm discurso na tribuna da Câmara, o líder da minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA), disse que o governo Lula acabou e que o presidente não tem mais autoridade moral para continuar porque traiu o país. Segundo ele, a discussão agora é a possível transição de governo.
- Acabou o governo Lula. Agora, o que se tem que ver é a possível transição. O presidente Lula não tem autoridade moral para continuar governando o Brasil, porque comandou uma farsa, traiu o povo brasileiro. Ele é o responsável e não há outro. Ele é o beneficiário. Ele, portanto, é o arquiteto de tudo isso - disse Aleluia.
O vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL-AL), emendou:
- Não adianta os moderados tentaram evitar. Estamos caminhando para o impeachment.
Duda Mendonça confirmou que o PT ainda deve R$ 14 milhões referentes a 2004 e mais uma fatura no valor de R$ 150 mil a vencer em agosto.
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