O escândalo do mensalão apresentou novos desafios para o combate à corrupção no país. Segundo a procuradora federal Silvana Batini, as investigações das CPIs mostraram que o eventual desvio de recursos públicos e o financiamento ilegal de campanhas estão integrados ao sistema financeiro internacional:
- O crime se globalizou. Os recursos da corrupção, assim como os do tráfico de drogas, passam por redes mundiais de lavagem de dinheiro - afirmou a procuradora no debate "A apuração da corrupção", nesta quarta-feira, na PUC, e que reuniu ainda a deputada Denise Frossard (PPS-RJ), o jornalista político Jorge Bastos Moreno e o editor executivo do do jornal "O Globo" Luiz Novaes.
Apesar da sofisticação dos esquemas, a crise deu notoriedade a instrumentos jurídicos eficientes como a delação premiada que, segundo Silvana, ajuda a desmontar quadrilhas infiltradas no Estado. A procuradora acredita que a cooperação internacional também tem sido importante para rastrear a movimentação do dinheiro.
- Quando a Revolução Islâmica derrubou o xá no Irã, em 1978, não foi possível recuperar os dólares enviados para a Suíça. Hoje, os promotores estrangeiros descobrem transações suspeitas e avisam à Justiça brasileira - comemorou a procuradora, citando o caso do propinoduto de fiscais e auditores que operavam no Rio até 2003.
A velocidade nas movimentações de recursos impõe à Justiça e ao Ministério Público uma corrida permanente em busca de novos instrumentos para controlar e punir os corruptos. A deputada Denise Frossard (PSDB-RJ), no entanto, lembrou que instrumentos importantes como o Siafi - sistema que fiscaliza os gastos federais - ainda não estão ao alcance da população.
- É um instrumento poderoso de fiscalização, mas a sociedade não pode acessá-lo - lamentou a parlamentar que participa da CPI dos Correios e defende a publicação dos dados na internet.
A rede de computadores também deu nova dinâmica à crise, que é acompanhada em tempo real nos sites e canais por assinatura. Essa cobertura, segundo Silvana, incorporou a sociedade a uma cadeia de fiscalização e cobrança. Os debatedores também fizeram críticas ao governo, a que acusam de esconder informações vitais às investigações. O colunista do jornal "O Globo" Jorge Bastos Moreno, que mantém um blog no GLOBO ONLINE, condenou a declaração do presidente Lula, feita nesta terça-feira, de que a CPI dos Bingos ainda não convocou nenhum "bingueiro".
- Pela primeira vez na História, vimos um presidente bater boca com a CPI - atacou.
A perplexidade com a crise, segundo Luiz Novaes, mediador do debate, já foi superada pela imprensa. O desafio atual, avalia, é lidar com a velocidade com que as informações se sucedem.
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