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Um ano após o escândalo dos cartões corporativos, que derrubou a ex-ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), os ocupantes do primeiro escalão do governo têm evitado usar o instrumento que deixava rastros de suas despesas pelo país. Muitos optaram por pagar as despesas do próprio bolso, antes de pedir a devolução do dinheiro. O problema, neste caso, é que o contribuinte deixa de saber como o ministro gastou a verba. Um exemplo: o ministro dos Portos, Pedro Brito, recebeu de volta, em 2008, R$ 11,9 mil por gastos em hospedagem e alimentação. Mas o Portal da Transparência não informa o nome dos estabelecimentos nem o valor das contas.

O ranking do ressarcimento de verbas a ministros em 2008 é encabeçado por outro envolvido no escândalo, Orlando Silva (Esporte), que usou o cartão até para comprar tapioca. Ele aparece em primeiro porque recebeu R$ 26,3 mil – justamente o valor que tinha devolvido à União preventivamente, quando os gastos com seu cartão estavam sob investigação. Como não foram detectadas irregularidades, ele pôde pegar a maior parte do dinheiro de volta. Segundo a CGU, as despesas indevidas dele foram de R$ 8,4 mil.

Visitas

Segundo colocado na lista de gastos com diárias, atrás de Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), Pedro Brito, não se limitou a encontrar chefes de Estado e outras autoridades estrangeiras. Em outubro, usou a verba para ir a Londres encontrar dirigentes do banco JP Morgan. Segundo a assessoria do ministro, as reuniões foram marcadas devido ao interesse dos investidores de injetar dinheiro na instalação de terminais de granéis sólidos no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. As outras viagens incluíram seminários técnicos sobre logística e dragagem.

Acostumado a acompanhar empresários brasileiros em busca de oportunidades de negócios, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, recebeu a maior parte das diárias participando de comitivas presidenciais. Foi ele quem mais passou tempo fora do país: foram, ao todo, 105 dias rodando por 18 países.

Em 2008, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, concentrou suas viagens na América Latina, onde planeja criar um conselho regional de defesa. Jobim foi quatro vezes só para a Argentina. Ele também esteve na França, na Rússia e nos Estados Unidos, todos países interessados em vender caças para a FAB.

O Itamaraty informou que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, optou por não receber diárias, embora passe boa parte de seu tempo em missões diplomáticas. Ele também não pediu restituições por despesas pessoais. Nas viagens, Amorim se hospeda em embaixadas ou hotéis pagos pelo ministério.

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