A 36 quilômetros do Centro de Nova Iguaçu, uma escola localizada na zona rural do município começou o ano letivo com apenas uma professora para 330 alunos. O difícil acesso ao Colégio Estadual Jaceruba, em Japeri - onde se chega após meia hora de ônibus por estradas de terra - tem afastado os professores de suas salas de aula. A escola precisaria de pelo menos mais 12 professores, segundo os cálculos da única docente contratada.
No ano passado, a escola funcionava com professores que tinham contratos temporários, que terminaram em dezembro. E apesar de a Secretaria estadual de Educação ter convocado 2 mil concursados há cerca de um mês, nenhum professor quis dar aulas na Jaceruba. Até pouco tempo, nenhuma das dez turmas de educação infantil e fundamental não sabiam quando começariam a estudar.
O único reforço veio de uma moradora de Paracambi, que pediu transferência para o Jaceruba em fevereiro.
- Decidi pedir ir para a escola porque queria ter GLP (Gratificação por Lotação Prioritária, ou hora extra). Pago quatro passagens para chegar aqui, quase metade da minha GLP, mas não dá para deixar as crianças sem aulas - disse Aparecida da Conceição Souza, que leciona para alunos de 4ª série, no turno da manhã, e de 1ª série, à tarde.
As turmas de Cida, como é chamada, são as únicas que tiveram aulas desde o dia 13 de fevereiro. Para conseguir isso, a professora tem de almoçar em sala.
- Os alunos da manhã estudam de 8h ao meio-dia, e os da tarde, de meio-dia às 16h. Precisamos fazer um esquema especial por causa dos ônibus, que têm hora certa para passar. Às vezes, almoço em sala de aula, mas o sacrifício vale a pena - diz Cida.
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