Autor do projeto, Gilson de Souza (PSC) defendeu que o objetivo é garantir o pluralismo de ideias em sala de aula e evitar que os professores façam prevalecer a própria opinião.| Foto: /

Mesmo ainda à espera de inclusão na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o polêmico projeto “Escola sem partido” tomou conta das discussões desta quarta-feira (4) no plenário da Assembleia Legislativa do Paraná. Chamado de proposta “antidoutrinação”, o texto proíbe, em sala de aula, “a doutrinação política e ideológica bem como a veiculação de conteúdos de cunho religioso ou moral que possam entrar em conflito com as convicções dos pais”. Infringir as regras pode resultar até em demissão.

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Protocolado simultaneamente em vários legislativos estaduais e municipais, o projeto estabelece que cartazes deverão ser afixados nas escolas públicas e particulares de todo o estado com o conteúdo da proposta quando ela virar lei. Autor do projeto, Gilson de Souza (PSC) defendeu que o objetivo é garantir o pluralismo de ideias em sala de aula e evitar que os professores façam prevalecer a própria opinião.

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Pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular, ele negou que o projeto seja de autoria da bancada evangélica. Segundo ele, a intenção é apenas “proteger” os alunos e garantir que se cumpra a Constituição e o Estatuto da Criança e do Adolescente. A proposta, porém, é clara ao proibir, por exemplo, qualquer aplicação da ideologia de gênero, combatida pelos evangélicos em todo o país no primeiro semestre.

Da mesma forma, Souza procurou rebater argumentos de que o projeto é uma retaliação aos professores da rede estadual pelas manifestações que resultaram nos confrontos do dia 29 de abril. O texto, no entanto, prevê que os docentes não poderão fazer propaganda político-partidária nem incitar “seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas”. Logo em seguida, Mara Lima (PSDB) admitiu, nas entrelinhas, um ressentimento com a categoria. “Nós vimos, no primeiro semestre, professor trazer criança (ao Centro Cívico), usar para manifestação, para passeata. Ensinando essa criança a ser militante, a usar camiseta do MST”, atacou.

Críticas

Como nunca se vê em plenário, o projeto antidoutrinação uniu os líderes do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), e da oposição, Tadeu Veneri (PT). Manifestando-se contra a proposta, ambos defenderam que é impossível – e inconstitucional – querer proibir o debate nas escolas, seja ele qual for. “A escola é um ambiente essencialmente político, não político-partidário. É lá que os alunos vão ter as bases para a formação de sua cidadania. A proposta é obscurantista e fere os interesses da educação”, afirmou o peemedebista.

Já Veneri disse que o texto vai criar um ambiente de delação nas escolas, na medida em que prevê que qualquer um poderá denunciar anonimamente supostos descumprimentos das regras à Secretaria de Educação. “Estão querendo instalar tribunais de exceção no Paraná, o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição”, criticou Péricles de Melo (PT).