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A Império de Casa Verde, campeã do carnaval em 2005, e a Vai-Vai se destacaram na preferência do público no primeiro dia de desfile do grupo especial em São Paulo. Elas foram, respectivamente, a quinta e a sétima escolas a entrar na avenida. A Gaviões da Fiel, primeira a pisar na passarela, levantou a arquibancada, mas está arriscada a perder pontos. A escola atrasou um minuto e foi acusada de fazer merchandising de uma empresa nos geradores dos carros alegóricos.

A Liga das Escolas de Samba chegou a dizer que tiraria seis pontos da Gaviões porque ela não poderia também mostrar o símbolo do Corinthians, mas a Gaviões da Fiel argumenta que a mesma decisão da Justiça que garantiu sua presença no desfile do grupo especial autoriza também o uso do brasão do time. Pela regra da Liga, escolas ligadas a torcidas de futebol não concorreriam ao título. A Mancha Verde, ligada à torcida dos Palmeiras, aceitou desfilar neste sábado sem concorrer ao título de campeã.

Gaviões da Fiel

Há dois anos, um carro da Gaviões da Fiel bateu na beira de camarotes do sambódromo e arrancou uma caixa de som. A escola acabou rebaixada. A Gaviões terminou o desfile com correria e atraso de um minuto e já perde dois pontos por isso. Outros dois pontos devem ser retirados por uso de merchandising. Segundo a Liga, um dos geradores usados pela escola trazia o logotipo de uma empresa. A Liga deve se pronunciar novamente sobre o caso depois de uma reunião de diretores. A posição definitiva deve ser divulgada na segunda-feira.

A Gaviões já foi campeã quatro vezes e, neste ano, deveria concorrer em uma categoria inédita, a das escolas esportivas, juntamente com a Mancha Verde. A escola recorreu da decisão na Justiça e conseguiu liminar para integrar ao grupo especial e ainda concorrer ao título principal. A Mancha Verde fez acordo com a Liga e desfila no grupo especial também, mas concorre sozinha ao título das escolas ligadas a torcidas esportivas.

Com o enredo "Nas Asas da Fascinação", que canta a trajetória do homem ao tentar voar, a Gaviões fez um belo desfile. O carro abre-alas, com o tradicional Gavião, tinha como tema Santos Dumont. O 14 Bis foi usado pela comissão de frente, composta por 12 anjos que representam o desejo humano de voar.

Rosas de Ouro

A segunda escola a entrar na passarela foi a Rosas de Ouro, que levou a luta contra o preconceito racial para a avenida. Com o enredo "A Diáspora Africana - Um Crime Contra a Raça Humana". A Rosas foi considerada tecnicamente muito bem e trouxe alas emocionantes. Um dos destaques da escola foi o carro alegórico que representava os navios negreiros. Com negros acorrentados e a imagem de Iemanjá carregando um corpo que foi atirado ao mar, o carro emocionou o público. Na ala Razia, os passistas desfilaram amarrados uns aos outros por cordas e alegorias que simulavam troncos.

Nenê da Vila Matilde

O desfile da Nenê de Vila Matilde foi marcado por problemas com os carros alegóricos. Quatro carros tiveram problemas ao entrar na avenida. A maior preocupação foi com o abre-alas, cuja barra de direção enguiçou e insistia em pender para a direita. Os funcionários da escola tiveram muita dificuldade para manter o carro na rota correta. O terceiro, o quarto e o quinto carro também penderam para a direita na entrada da avenida e bateram nas barras de proteção. Eles foram recolocados na trajetória e não apresentaram outros problemas. A harmonia da escola, no entanto, fez um bom trabalho, segurando as alas e não deixando formar buracos durante o desfile.

Acadêmicos do Tatuapé

A Acadêmicos do Tatuapé, quarta escola a se apresentar, escolheu um tema difícil: "Cooperativismo, União para o Bem Comum. Uma Grande Nação se Faz com Cooperação". As alas contavam a história do cooperativismo em alguns países, assunto que não é dominado pelo público. Mas teve pontos altos, com alas de várias profissões e tipos de cooperativa, nas áreas de educação, transporte, agronegócio. O destaque ficou para o encerramento do desfile, com o carro alegórico que representava o futuro e era composto por grávidas e crianças.

O entusiasmo dos passistas da Acadêmicos do Tatuapé contrastou com a falta de ânimo do público. Boa parte dos foliões ficou sentada desde que a Gaviões da Fiel saiu da avenida. Mas os integrantes e a bateria da escola deram um show à parte, pulando e cantando durante toda a apresentação.

Império da Casa Verde

O público só voltou a se animar com a Império de Casa Verde, que repetiu o bom desempenho de 2005 e levou fantasias muito luxuosas à avenida. O enredo neste ano é "Do boi mítico ao boi real - De Garcia D'Avila na Bahia ao Nelore - O boi que come capim - A saga da pecuária no Brasil para o Mundo". A escola mostrou ainda carros alegóricos inovadores. No abre-alas, os tigres, que são o símbolo da escola, eram articulados, mexiam as patas, a boca e piscavam. O grande número de famosos também chamou a atenção. A dançarina Sheila Mello foi imperatriz da bateria e o apresentador Carlos Massa, o Ratinho, saiu como destaque em um dos carros alegóricos.

A apresentação, no entanto, também teve momentos de tensão. Como ocorreu com a Acadêmicos do Tatuapé, o sistema de som falhou. Por alguns minutos, a bateria e os compositores tiveram de segurar o samba apenas na garganta.

Camisa VerdeO desfile seguinte, da Camisa Verde e Branco, manteve o público aceso. O enredo "Das Vinhas aos Vinhos - Do Profano ao Sagrado, uma Viagem ao Mundo do Prazer com o Néctar dos Deuses", conseguiu levantar a arquibancada durante o amanhecer de sábado. Além de um samba contagiante, a Camisa inovou na utilização de materiais. Entre as mudanças, a escola trocou as armações de ferro por bambu. Na comissão de frente, uma ninfa e vários sátiros, que são personagens míticos, evoluíram em meio a árvores cenográficas. No carro abre-alas, uma ninfa tomava um banho de vinho em meio integrantes que simulavam a embriaguez e a orgia. O carro soltava uma fumaça perfumada, que deixou a passarela com um leve cheiro de uva.

Vai-Vai

Mas o público delirou mesmo com a Vai-Vai, penúltima escola a se apresentar e recordista em títulos no carnaval paulista, com 11 campeonatos ganhos. Com belas alegorias e ótima harmonia, a escola se destacou com o enredo "São Vicente, A Primeira Capital do Brasil".

Os carros-alegóricos mostraram símbolos da cidade, como a biquinha de Anchieta e a Ponte Pênsil. A comissão de frente e o carro abre-alas interagiam. A primeira representava os índios brasileiros durante o primeiro contato com os colonizadores portugueses que vinham no abre-alas, em formato de caravela.

Mocidade Alegre

Encerrando o primeiro dia de desfiles, veio a Mocidade Alegre que manteve o público do Sambódromo animado. O samba-enredo, que retrata as lendas indígenas sobre Rio São Francisco, ajudou. Por entrar na avenida com o dia claro, a Mocidade optou por fantasias muito coloridas e pouco brilho, que resultou numa bela apresentação.

O desfile da Mocidade Alegre, porém, foi marcado por um acidente com a rainha da bateria, Nani Moreira. Ela deveria fazer uma acrobacia com fogos de artifício, mas a manobra deu errado e o chapéu que ela usava pegou fogo, provocando queimaduras na cabeça, na testa e nas mãos de Nani. Ela foi atendida em uma ambulância e insistiu em retornar para a avenida. Ao final do desfile, ela foi escoltada por membros da liga e levada para um pronto-socorro da região.

O acidente não atrapalhou a evolução dos 3,2 mil componentes da escola, que se apresentou com 24 alas, e cumpriu o trajeto em uma hora. Um dos destaques do desfile foi o carro Vapor Encantado, que se referia a lenda de uma embarcação que só navega à noite pelas águas do São Francisco.

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