A escolha da ministra Ideli Salvatti para comandar a articulação política do governo serviu também para dar uma demonstração de autoridade da presidente Dilma Rousseff à base aliada, avaliou na sexta-feira uma fonte que fez a interlocução com a presidente.
A bancada do PT na Câmara, ao saber que a presidente definiria a substituição do ministro Luiz Sérgio até o final da semana, mobilizou-se para evitar a nomeação de Ideli e levar a Dilma o nome do líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP), como opção.
A movimentação não tinha autorização de ninguém no Palácio do Planalto e irritou a presidente. Desde o início da semana, Ideli já havia sido sondada por ministros próximos à Dilma e na viagem à Santa Catarina, na quinta-feira, ficou sabendo dos planos da mandatária.
Vaccarezza conversou com lideranças do PMDB para garantir apoio na base, mas o partido disse que não patrocinaria nenhum substituto para Luiz Sérgio e deixou Dilma à vontade para escolher Ideli.
"Ela deixou claro que quem resolve é ela e que não aceita prato feito (de outros)", disse a fonte em entrevista à Reuters sob condição de anonimato.
Entre quinta e sexta-feira, Dilma conversou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o vice-presidente Michel Temer, e com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para definir quem sucederia Luiz Sérgio.
Depois que já havia decidido, a presidente telefonou para o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e os líderes do governo no Congresso.
"Acho que a decisão da presidente delimitou o espaço da bancada. Acho que foi um aviso aos navegantes", disse essa fonte.
A saída de Luiz Sérgio das Relações Institucionais para a Pesca só lhe foi oferecida no almoço desta sexta entre os dois. Ele foi pego de surpresa e ficou feliz com a decisão da presidente. Seu círculo mais próximo de assessores considerava seu retorno à Câmara para exercer o mandato de deputado.
Na esteira da escolha de Ideli, a presidente deve finalmente designar nos próximos dias o novo líder do governo no Congresso, o deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS). "Essa cargo foi reservado para o PMDB", disse a mesma fonte.
As mudanças encerram uma semana turbulenta, em que o ministro mais forte do governo, Antonio Palocci, pediu demissão da Casa Civil em meio a acusações decorrentes de seu aumento patrimonial. Dilma nomeou a senadora Gleisi (PT-PR) para suceder Palocci.
Nos próximos dias também a presidente deve reunir as novas ministras Gleisi e Ideli para reorganizar o funcionamento da articulação política e que tarefas caberão a cada uma delas. A nova ministra da SRI vai procurar os líderes no Congresso para reabrir os canais de diálogo que ficaram prejudicados depois da saída de Palocci.
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