A escolha do vice na chapa do candidato tucano Geraldo Alckmin está prestes a deflagrar uma guerra dentro do PFL. O presidente do partido, senador Jorge Bornhausen (SC), pretende reunir nesta quarta-feira os dois pré-candidatos à vaga: os senadores Agripino Maia (RN) e José Jorge (PB).
Há quase um mês, Bornhausen vem fazendo consultas internas para identificar o nome preferido entre as bancadas da Câmara, do Senado, governadores e prefeitos. Se não houver um consenso, Bornhausen adiantou que pode deixar a decisão para a convenção nacional de junho. Já Agripino defende a realização de prévias para antecipar a escolha do partido, caso não haja acordo.
- Vou conversar com os dois pré-candidatos para termos uma idéia de como vamos proceder à escolha do vice. Não sei se o nome sai esta semana. Não estou com pressa, mas se não houver consenso a convenção decide em junho - antecipou o presidente do PFL.
Embora Bornhausen se recuse a adiantar o nome de sua preferência, interlocutores próximos do presidente do PFL garantem que ele tem trabalhado para viabilizar a candidatura do pernambucano José Jorge, que conta ainda com o apoio estratégico do conterrâneo Marco Maciel - que foi vice nos dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O prefeito do Rio, Cesar Maia, também tenta demonstrar imparcialidade, mas nos bastidores já teria assumido o apoio à candidatura de José Jorge.
Já Agripino é o preferido entre os tucanos. Como líder do PFL no Senado conseguiu restabelecer a parceria com o PSDB, aproximando-se especialmente dos senadores tucanos Arthur Vírgilio (AM) e Tasso Jereissati (CE) - o líder da bancada e presidente do partido, respectivamente. Depois de oito anos de aliança, a relação entre as duas legendas foi abalada na disputa presidencial de 2002, quando o candidato tucano José Serra foi acusado pelos pefelistas de ter tramado contra a candidatura da senadora Roseana Sarney (MA).
Embora torça por uma saída consensual, Agripino admite que poderá reivindicar prévias para a escolha do companheiro de chapa de Alckmin:
- Estou confiante de que prevalecerá o consenso. Acho que devemos fazer uma avaliação de prós e contras de cada um dos candidatos para ver quem tem mais a contribuir. Pelo fato de ser uma reunião entre três antigos amigos, acredito que será uma conversa de cavalheiros. Mas não havendo acordo, acho que as prévias são o caminho mais democrático.
Essas prévias ouviriam exatamente o mesmo universo já consultado por Bornhausen, mas estaria assegurado o voto secreto para evitar constrangimentos ou pressões. O presidente do PFL, no entanto, descarta essa possibilidade.
- Não há razão para prévia. Aliás, o estatuto do partido não prevê isso - justificou Bornhausen.
Pesam contra o nome de José Jorge o fato de ter sido ministro das Minas e Energia no governo de Fernando Henrique justamente no período do apagão. Em compensação, conta com um lobby mais forte dentro do PFL. Embora seja representante de um colégio eleitoral mais significativo do que o de Agripino e no qual a aliança entre PFL, PSDB e PMDB já está fechada, José Jorge é considerado um parlamentar meio apagado, que estaria tendo dificuldades políticas em Pernambuco. Esta teria sido a razão para ele abrir mão da reeleição ao Senado ou mesmo da disputa por uma vaga na Câmara.
- Seria a chapa do chuchu com chuchuzinho - alfinetou um cardeal tucano.
Além da simpatia dos tucanos, entre eles o próprio Alckmin, Agripino conta ainda com o apoio declarado do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), um cabo eleitoral estratégico devido a sua grande força política na Bahia. Mas isso não apaga o fato de o líder pefelista vir de um estado pouco representativo do ponto de vista eleitoral. A avaliação é de que nenhum dos dois candidatos a vice trará pessoalmente para a chapa tucana uma grande contribuição eleitoral, a não ser a da consolidação de uma aliança nacional estratégica.
Preocupado em reverter o franco favoritismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa de outubro próximo, o PSDB não pretende interferir na disputa dentro PFL. A ordem é deixar que os pefelistas resolvam sozinhos as divergências internas.
- Vamos deixar o PFL à vontade para indicar o candidato a vice - garantiu o coordenador-executivo da campanha de Alckmin, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE).
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