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A projeção do nome do governador Roberto Requião como uma das principais lideranças do PMDB nacional foi um dos resultados das reuniões semanais do secretariado em 2005, chamado pelo próprio Executivo Estadual de "Escola de Governo". A constante presença de figuras nacionais de projeção marcaram os encontros das terças-feiras da administração estadual no Museu Oscar Niemeyer. Além disso, ficou clara tendência do atual governo de apostar no setor agrícola como carro-chefe da economia paranaense, contrariando a tendência da gestão anterior, que tentou promover a instalação de indústrias com incentivos fiscais.

Pelo menos dois pré-candidatos à presidência pelo PMDB participaram da escolinha em 2005 – o ex-governador do Rio Anthony Garotinho e o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto – além do governador catarinense Luiz Henrique, que chegou a lançar o próprio Requião como candidato do partido. Também do mundo político, o ex-governador gaúcho e o deputado federal pelo PDT, Alceu Collares, veio a Curitiba para "declarar sua admiração por Requião", e provocou polêmica entre os pedetistas – uma vez que o senador Osmar Dias, também do PDT até então era o principal adversário dos peemedebistas no Paraná.

Também estiveram presentes aliados de Requião na mídia nacional, como os jornalistas Mino Carta e Hélio Fernandes, ou ainda o idealizador do programa de governo peemedebista para a disputa presidencial de 2006, o professor Carlos Lessa. Em todos os encontros ficou clara a posição de Requião de atacar o governo Lula, antecipando a posição que deve adotar na campanha eleitoral deste ano.

Programas

Durante o ano, os encontros tentaram mostrar os avanços do Paraná nas áreas sociais, políticas e econômicas; os problemas que surgiram pelas posições adotadas e as soluções encontradas para resolvê-los. A "escolinha" unificou e afiou a retórica governista contra os desafetos políticos. Até mesmo aliados que se desviaram do ideário do atual governo foram alvos e cobrados pelas posições assumidas.

Apesar dos momentos de exaltação contra a condução da economia, Requião mostrou ter bom relacionamento com o PT curitibano. Contou com o apoio incondicional dos deputados estaduais Ângelo Vanhoni e Natálio Stica. O ex-líder na Assembléia, em meio à polêmica dos reajustes nas 26 praças de pedágio, defendeu a criação de um pedágio estadual para enfrentar o privatizado. A justificativa era de que o governo estadual poderia praticar uma política mais justa de preços e com maior qualidade do que as atuais concessionárias.

Polêmicas

Em fevereiro, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, esteve na reunião semanal. O governador aproveitou a oportunidade para cobrar publicamente os motivos que levaram o governo federal a não considerar o Paraná área livre de transgênicos. A brecha serviu para criticas a Monsato – empresa americana que criou a semente de soja geneticamente modificada.

O governador revelou a dificuldade que tem em aceitar posições críticas com relação à condução do governo. Tanto que no segundo semestre acabou instituindo o prêmio Severino Cavalcanti para conceder aos órgãos de comunicação que o contrariassem. A tensão com a imprensa oscilou outras vezes e todas reveladas no mesmo local.

Em maio uma declaração do governador provocou espanto em todo o estado: de que haveria risco de rompimento na barragem de Salto do Caxias e que a solução para evitar isso seria o esvaziamento da represa.

O alerta durou uma semana e só terminou quando o presidente da Copel, Rubens Ghilardi, disse que a fissura na usina hidrelétrica não era motivo de preocupações.

Visitantes

Em julho, a presença do governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, também do PMDB, fez Requião sonhar com vôos mais altos. Silveira afirmou: "Requião é um dos cotados para disputar a Presidência da República por nosso partido". A declaração foi feita em um momento onde as pesquisas de opinião apontavam uma polarização da disputa entre o PT e o PSDB.

Logo depois foi a vez do governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), de fazer uma aparição. No auge da crise do governo Lula, a corrupção em Brasília foi o tema. "Esse é um trabalho dos deputados ligados a organismos internacionais", apontava Requião.

O secretário de Segurança, Luiz Fernando Delazari, revelou na reunião do secretariado que o governo do Paraná pretende exercer uma maior fiscalização sobre o cidadão local. A arma para ajudar a combater o crescimento da violência no estado seria seguir o modelo de identificação eletrônico de países como os Estados Unidos. Delazari explicou que a cada quatro anos os paranaenses teriam de renovar as carteiras de identidades.

Na apresentação do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PMDB), novas críticas ao governo federal acabaram resultando em discussão. O deputado Natálio Stica (PT) saiu em defesa dos petistas e a discussão terminou em frases bíblicas. "Conhecei a verdade, e a verdade vos libertará", citou Garotinho.

Quando o secretário de Administração da Bahia, Pedro Pimental do Santos Neto, explicou o sistema de compras baiano, a secretária paranaense, Maria Lunardon, mostrou que o Paraná ainda tem muito para melhor na área: "A metade do que a Bahia faz, nós já cumprimos", disse na época.

O anúncio da liberação de uma verba de R$ 1,5 milhão pelo Ministério da Agricultura, em outubro, para combater a febre aftosa provocou revolta no governador paranaense. "Não precisamos dessa ninharia", disse Requião na reunião do secretariado.

Até mesmo a entrevista do presidente Lula à TV Cultura de São Paulo serviu para complicar ainda mais a conturbada relação entre Requião e parte do PT paranaense. Classificada como "brincadeira previamente acordada", o governador clamou por discussão política e econômica e não uma prévia do como serão as eleições em 2006, polarizada entre o PT e o PSDB.

Em novembro, o governador anunciou o afastamento do tenente-coronel Avelino José Novakoski, comandante do Policiamento da Capital da Polícia Militar, durante a reunião do secretariado. A medida foi tomada após Novakoski ser citado em um processo que investiga a conivência de policiais civis de Foz do Iguaçu com a prática de jogos ilícitos na cidade.

Febre aftosa

Uma matéria do jornal Valor Econômico, sugerindo que haveria febre aftosa no Paraná, levou o secretário da Agricultura e vice-governador, Orlando Pessuti, a desmentir a informação. A notícia foi classificada como mentirosa e contrária aos interesses do Estado.

Um mês depois, em dezembro, Requião e Pessuti admitiram em outra reunião do secretariado a possibilidade da aftosa estar em terras paranaenses. Eles aceitaram o sacrifício sanitário de 2,2 mil animais da Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira onde um foco da doença foi detectado pelo Ministério da Agricultura.

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