Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo afirma que a Polícia Federal teria realizado escutas telefônicas que revelariam uma "relação incestuosa" entre magistrados do Paraná e advogados que atuam como administradores de massas falidas no estado. As escutas foram feitas com autorização judicial e fazem parte de uma investigação que chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e envolve juízes de primeira instância e desembargadores.
A administração das falências no Paraná vem sendo alvo de denúncias e está sendo investigada também pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que anunciou estar voltando nesta semana a Curitiba para dar prosseguimento à apuração dos fatos. Segundo a reportagem, os advogados disputam a indicação para gerir as falências porque o negócio é rentável: pode oferecer até R$ 200 mil por mês, além do ganho com a venda dos bens da empresa falida.
Segundo a reportagem, o inquérito sobre o assunto afirma que nove desembargadores e dois juízes de primeira instância poderiam estar trabalhando para direcionar os processos de falências para determinados escritórios de advocacia. Um dos desembargadores citados, diz a reportagem, é o presidente do Tribunal de Justiça, Clayton Camargo.
Segundo a reportagem, a investigação aponta para uma disputa entre dois grupos interessados nas falências. Um deles seria o do advogado Marcelo Simão, responsável por um grande número de processos de falência. O outro grupo seria o do deputado estadual Fabio Camargo (PTB), filho do desembargador Clayton Camargo e irmão da juíza Vanessa Camargo.
De acordo com as informações do jornal, os dois grupos disputariam a indicação de gestores das massas falidas. Mas em uma das gravações, segundo os investigadores, o pai de Marcelo Simão, Rubens Simão, sugeriria um acordo com Clayton Camargo. O pacto seria selado com a indicação do filho do magistrado para o Tribunal de Contas do Estado. O inquérito é relatado pelo ministro Ari Pargendler, do STJ.
O Estadão ouviu o advogado Marcelo Simão, que negou ser beneficiário de qualquer esquema ilegal para gerir falências. O deputado Fabio Camargo confirmou a candidatura ao TC mas negou que precise de apoio da família Simão para isso. O TJ afirmou que os desembargadores não tinham declarações sobre o assunto até o fechamento da reportagem.
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