Arrastando-se ao longo de várias semanas, a negociação em torno da maior participação do PMDB no governo do Paraná ganhou ontem um novo complicador. A bancada do PSDB na Assembleia Legislativa anunciou que é contrária à medida e disse que vai comunicar oficialmente essa posição ao governador Beto Richa (PSDB) na próxima segunda-feira. Segundo o líder do partido na Casa, Franciso Bührer, o PMDB "está exigindo tantos cargos, que daqui a pouco vai querer até o do governador". Em resposta, o líder do PMDB, Teruo Kato, afirmou que a legenda entende que, ao participar mais do governo, vai ajudar Richa a trabalhar pelo desenvolvimento do Paraná.
Atualmente, o único representante peemedebista no Executivo é o deputado estadual Luiz Claudio Romanelli, secretário do Trabalho. Desde o fim do ano passado, Richa vem estudando aumentar essa participação, como forma de premiar a fidelidade do PMDB nas votações na Assembleia e, sobretudo, atrair o partido para a disputa ao governo do estado no ano que vem. Para isso, convidou o também deputado estadual Luiz Eduardo Cheida para assumir a Secretaria do Meio Ambiente e trabalha com a hipótese de o ex-governador Orlando Pessuti ocupar a presidência da Sanepar. Os dois casos seguem sem definição.
Ontem, porém, parlamentares tucanos manifestaram insatisfação em relação à negociação, contrariando o discurso inicial de que era natural dar mais espaço ao PMDB em função da governabilidade e do xadrez eleitoral. Falando em nome dos colegas de partido, Franciso Bührer declarou que o PSDB foi aliado do governo Roberto Requião sem ficar exigindo cargos ou pedindo mais espaço.
"Somos totalmente contra [o aumento de espaço ao PMDB]. Eles já têm seu espaço hoje com o Romanelli, mas, querer tudo, aí fica difícil. Além disso, não fomos consultados em nenhum momento", reclamou. "O PSDB não pode perder seu espaço, como está perdendo, na dúvida se o PMDB estará com a gente em 2014. E eu acho que não estará."
Questionado sobre as declarações de Bührer, Teruo Kato afirmou que divergências fazem parte do processo político. Segundo ele, integrar o governo é um interesse não só do PMDB, mas do próprio governador. "Temos dado sustentação ao governo da presidente Dilma Rousseff em nível nacional e, aqui no estado, a linha de raciocínio é a mesma", defendeu. "Logicamente que, se o PMDB participa do governo, a tendência é lá na frente [em 2014] continuar nesse projeto."