Entrevista com Ophir Cavalcante, presidente do Conselho Federal da OAB.
Desde que assumiu o posto de presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, em fevereiro deste ano, o paraense Ophir Cavalcante fez questão de deixar claro que o combate à corrupção e à impunidade seria prioridade na sua gestão. Em seu discurso de posse já jogou duro com os políticos. Depois, mostrou que estava falando sério quando surgiram as denúncias contra o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda. Pediu o seu afastamento e até a sua prisão, que acabou acontecendo.
Agora, Cavalcante decidiu encampar a luta da sociedade paranaense contra a falta de moralidade na política. No próximo dia 8, promete vir ao estado para participar da manifestação na Boca Maldita, em Curitiba. "Este movimento pode mudar a história da política no Brasil, não só no Paraná", diz. Veja a entrevista concedida por ele com exclusividade à Gazeta do Povo na sexta-feira, de Fortaleza:
Por que a OAB nacional decidiu apoiar a campanha paranaense?
A Ordem mostrou com essa votação que está unida em torno dessa luta. Esse movimento pode mudar a história da política no Brasil, não só no Paraná. É um movimento simbólico, que está tendo repercussão nacional. A sociedade está dizendo de forma uníssona: "Chega de corrupção". Queremos ética na política e a Ordem está envolvida nessa luta. Vamos promover ações em todos os estados da federação. E vou ao Paraná no dia 8 para dar apoio a esse movimento de limpeza na política. O Paraná está dando um brado que vai ecoar em todo o país.
A impressão que se tem é de que o combate à corrupção ficou mais forte nos últimos tempos. É assim mesmo?
O combate aumentou e a divulgação pela imprensa tem sido muito importante. Esse casamento da sociedade civil com a imprensa se mostra fundamental para indicar novos caminhos e para que haja o compromisso dos homens públicos com a moralidade.
O combate à corrupção tem sido uma de suas principais bandeiras na OAB.
Sim, desde que assumi, em fevereiro, lancei essa bandeira. E, em seguida, mostramos que não queremos só lançar palavras ao vento. Trabalhamos junto com a sociedade e conseguimos afastar o governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal.
Depois de tantos escândalos e de tantas tentativas de trazer ética para a política, ainda é possível manter a esperança de que as coisas mudem?
É possível mudar, sim, com certeza. Este é o momento em que a sociedade brasileira tomou consciência e descobriu que ela é quem manda, que ela deve exigir que os homens públicos hajam em nome da coletividade e que não deve deixar que os mandatos sejam exercidos em nome de uns poucos que querem se dar bem.
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