A série Diários Secretos apresentou nesta segunda-feira (10) mais um caso de assessores de deputados estaduais que trabalham na campanha eleitoral dos parlamentares. Esses assessores os chamados agentes políticos são funcionários da Assembleia Legislativa e têm salários pagos com dinheiro público.
A chefe de gabinete do deputado Durval Amaral (DEM) afirmou que nos meses que antecedem as eleições o gabinete fica vazio. Isso porque os assessores do parlamentar - que são funcionários da Assembleia Legislativa - viajam para o interior do Paraná para trabalhar na campanha do deputado. O reduto eleitoral de Amaral é em Cambé.
Já o deputado Durval Amaral negou que essa prática ocorresse e afirmou que o gabinete dele estava aberto durante todo o ano, mesmo em época de campanha.
O presidente da Assembleia, deputado Nelson Justus (DEM), afirmou no mês passado que não considerava que a prática fosse antidemocrática, mesmo alguns candidatos tendo favorecimento na campanha com a referida "realocação" de funcionários da Casa. Mas esse não é o entendimento da Justiça. O ex-deputado Joel Geraldo Coimbra foi condenado por improbidade administrativa por uso de dinheiro público em benefício próprio. Ele teve os direitos políticos suspensos por oito anos e terá que devolver o valor pago aos seus funcionários aos cofres públicos. Coimbra recorreu da decisão.
De acordo com o procurador de Justiça do Ministério Público, Arion Pereira, a prática de assessores parlamentares trabalharem nas campanhas do deputados é ilegal. "Cabo eleitoral não pode ser remunerado com dinheiro público", afirmou Pereira.
Justus e Curi também podem ser alvos de ação de improbidade
O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Nelson Justus (DEM), e o primeiro-secretário, deputado Alexandre Curi (PMDB), podem ser alvos de ações de improbidade administrativa do Ministério Público do Paraná o que pode resultar até na perda do mandato eletivo e na cassação dos direitos políticos. Os dois parlamentares empregam agentes políticos em gabinetes administrativos o que caracterizaria desvio de função, já que funcionários lotados no gabinete da presidência e da primeira-secretaria deveriam desempenhar suas atividades dentro da Assembleia.
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