Segundo Romanzini, hoje a folha de pagamento da AL é de quase R$ 15 milhões| Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo

TJ nega liberdade para Abib Miguel

O desembargador José Mauricio Pinto de Almeida, da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná, negou o pedido de soltura do ex-diretor geral da Assembleia Legislativa do Paraná Abib Miguel, o Bibinho. A decisão é do dia 27 do mês passado, mas até ontem não estava disponível no site do Tribunal. A informação foi publicada ontem no jornal Folha de Londrina.

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O diretor-financeiro da Assembleia Legislativa do Paraná Wilians Rolando Romanzini afirmou que o custo com o pagamento de salários de funcionários do Legislativo diminuiu cerca de R$ 2 milhões depois da divulgação da série Diários Secretos – feita em março pela Gazeta do Povo e pela RPC TV. Atualmente a folha de pagamento é de quase R$ 15 milhões, segundo Romanzini. A declaração do diretor financeiro foi feita ontem aos promotores do Ministério Público Estadual (MP) que investigam as irregularidades na Assembleia.

Romanzini creditou a economia na folha de pagamento à divulgação do escândalo e ao recadastramento – medida tomada pelo presidente da Assembleia, deputado Nelson Justus (DEM), depois que a denúncia veio à tona.

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A economia tem explicação. As reportagens da Gazeta do Povo e da RPC TV mostraram, entre outras coisas, que diversos funcionários fantasmas e laranjas recebiam salários de mais de R$ 30 mil – sendo que eles não prestavam expediente na Assembleia. Alguns sequer sabiam onde ficava a sede do Legislativo do Paraná.

A série Diários Secretos revelou que a Assembleia pagou a 73 pessoas salários acima do valor máximo permitido por lei – no caso do Legislativo paranaense (R$ 20 mil), entre janeiro de 2004 e abril de 2009. Documentos obtidos com exclusividade pela Gazeta do Povo e pela RPC TV comprovam que a Assembleia fez 641 depósitos nas contas bancárias dessas 73 pessoas, que totalizaram R$ 59,6 milhões.

Na época, a reportagem procurou algumas dessas pessoas beneficiadas com os depósitos. Entre elas havia pessoas com profissões como taxista, garçom, pedreiro, empresário e advogada. Alguns nem imaginam o volume de dinheiro que foi movimentado em suas contas. Parte deles admitiu, sem saber que estavam sendo filmados, que nunca tinham trabalhado na Assembleia. Outros nem moravam no Paraná.

Após as denúncias, os funcionários fantasmas e laranjas foram exonerados do quadro de pessoal da Casa – o que provocou a redução na folha de pagamento da Assembleia. Mais tarde, investigação do MP revelou que os salários desses "servidores" eram desviados por uma quadrilha chefiada pelo ex-diretor-geral da As­­­sembleia, Abib Miguel, e que contava com a participação direta dos ex-diretores José Ary Nassiff (administrativo) e Cláudio Marques da Silva (pessoal) – além de alguns funcionários. Todos os ex-diretores estão presos. Os desvios superam os R$ 100 milhões, segundo estimativa dos promotores que investigam o caso.

Ontem, o diretor-geral da Casa Eron Abboud também prestou esclarecimentos no MP. A reportagem apurou que ele pouco auxiliou nas investigações. Em resumo, disse que está moralizando a Assembleia, que todas as contratações de funcionários são feitas de forma individual e que os atos do Legislativo estão sendo divulgados em Diários Oficiais. Realidade bem diferente da mostrada na série Diários Secretos.

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