ONG que fiscalizaria atos diz não ter sido convidada
Em mais uma medida anunciada como solução para as irregularidades na Assembleia, os deputados aprovaram ontem um convite ao Observatório Social de Maringá para que a entidade fiscalize os atos da Casa. O convênio proposto pela deputada Cida Borghetti (PP) teve apoio do presidente Nelson Justus, segundo o qual a parceria permitirá "a fiscalização definitiva da administração da Casa". Questionada sobre o assunto, porém, a diretoria do observatório alegou não ter sido consultada sobre o assunto.
Cida Borghetti afirmou que a entidade terá liberdade total e acesso a qualquer documento do Legislativo. "O observatório se colocou à disposição para nos auxiliar", declarou. No entanto, Carlos Anselmo Corrêa, presidente da organização, negou ter conhecimento do convite. Ele, inclusive, se disse preocupado com o fato de o nome da entidade ser usado para "referendar determinadas ações do poder público". "Teremos o maior prazer em treinar uma equipe da Assembleia, mas não temos quadro suficiente para atuar na Casa", disse.
Em novembro do ano passado, o observatório venceu concurso promovido pela ONU como melhor experiência em inovação social da América Latina. A entidade criou uma metodologia de fiscalização dos poderes Executivo e Legislativo já adotada em oito estados. (ELG)
Pressionada por uma série de denúncias de irregularidades e por uma investigação conduzida pelo Ministério Público (MP) do Paraná, a Assembleia Legislativa ensaia uma reaproximação com a sociedade civil. Ontem, o deputado estadual Rafael Greca (PMDB) defendeu que o presidente da Assembleia Legislativa, Nelson Justus, e os demais integrantes da Mesa Executiva recebam os integrantes do Movimento "O Paraná Que Queremos", na manifestação programada para a próxima terça-feira, dia 8.
Citando as impressões do filósofo Alexis de Tocqueville sobre a fuga do monarca francês Luís XVI e sua esposa, Maria Antonieta, durante a Revolução Francesa, Greca defendeu a conversa dos deputados com os manifestantes. "Um rei que foge é cada dia menos rei", disse Greca. Luís XVI e Maria Antonieta foram guilhotinados pelos revoltosos.
Segundo o parlamentar, a Assembleia não pode fugir do debate sobre a defesa do Legislativo e da apuração dos atos que teriam sido cometidos na casa."A Assembleia deve ser aberta para essa discussão. (...) Não tem cabimento uma mesa fugitiva. (...) Uma coisa é defender a instituição, a outra é defender corrupção", declarou Greca.
As colocações de Greca foram defendidas pelos deputados Augustinho Zucchi (PDT) e Rosane Ferreira (PV).
Justus disse que acataria a sugestão. "Estamos, como sempre estivemos, abertos para receber sugestões, estabelcer diálogo com as entidades e apresentar todo nosso trabalho."
O presidente afirmou que ligou ontem para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo Rocha Loures, para estabelecer um contato. "Pedi uma oportunidade para que pudéssemos ser ouvidos, para que pudéssemos contar um pouco de nossa história", disse.
De acordo com Justus, porém, ele mesmo teria tentado uma aproximação com as entidades que compõem o movimento "O Paraná Que Queremos", em especial com a seção Paraná da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR). "Estive há dois meses na OAB para contar o que fez a Assembleia, como estávamos trabalhando. Parece que tudo que eu falei entrou por um ouvido e saiu por outro."
A Gazeta do Povo tentou contato com Rocha Loures, mas, segundo sua assessoria, ele não iria comentar o assunto. O presidente da OAB-PR, José Lúcio Glomb, afirmou que a iniciativa do Legislativo de buscar uma audiência com os manifestantes é "uma tentativa de esvaziar o ato público do dia 8". Segundo Glomb, as colocações dos deputados mostram um certo temor para com o movimento. "Talvez a Assembleia não esperasse tamanha adesão a esse movimento."
Até o momento, 9.489 pessoas, 542 empresas e 293 entidades aderiram ao movimento "O Paraná que Queremos". A manifestação programada para a próxima terça-feira está marcada para a Boca Maldita, no Centro de Curitiba, e deve ocorrer em diversas cidades do interior do estado também. (GV e ELG)
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