Mesmo com a preocupação extremada com segurança, o governo dos Estados Unidos, diferentemente da Assembleia Legislativa do Paraná, divulga na internet o valor dos salários e o local de trabalho dos funcionários da Casa Branca, em Washington até mesmo dos assessores diretos do presidente Barack Obama. Isso é uma prova de que é possível ser transparente, aponta o coordenador da organização não governamental Contas Abertas, Gil Castello Branco. A Contas Abertas fiscaliza os gastos públicos no Brasil.
Segundo ele, é mais do que justo que os contribuintes saibam onde estão sendo aplicados os recursos que são destinados para custear as atividades legislativas e a folha de pagamento da Assembleia. E isso inclui saber, por exemplo, quantos servidores trabalham em cada gabinete e em cada setor da Assembleia algo que não está disponível para a população paranaense e que a reportagem da Gazeta do Povo e da RPCTV conseguiu fazer após um detalhado cruzamento de informações de 700 diários oficiais.
"A medida tomada pela direção [da Assembleia], de anunciar um recadastramento [dos servidores], é necessária neste momento. Mas não deixa de ser absurda. Qual seria o próximo passo? Colocar anúncio em jornal procurando os funcionários?", questiona Castello Branco.
Ele ainda diz ser insuficiente que a Assembleia divulgue a lista de funcionários apenas uma vez por ano. "A tecnologia está aí, disponível, e poderia ser feita a atualização [da lista de servidores] até em tempo real. Mas uma vez por semana já seria bom."
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Mais absurda que a divulgação incompleta e apenas anual da relação de servidores, aponta o coordenador da Contas Abertas, é a presença de funcionários fantasmas e de "laranjas" no rol de servidores da Casa. "É um escárnio alardear transparência e fazer isso. Até parece que os envolvidos se sentiam inatingíveis e não havia receio de que fossem descobertos e punidos."
Castello Branco acredita que, da forma como foi divulgada a lista, a Assembleia apenas deu uma satisfação formal para a sociedade. "Mas a luz do sol é o melhor desinfetante. E, para mim, o antídoto para a corrupção é a transparência."
Já o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção ao Patrimônio Público de Curitiba, o procurador Arion Rolim Pereira, explica que a divulgação de informações mais precisas sobre a lista de funcionários é essencial. "Se for divulgado que dez pessoas trabalham em um setor e isso não for verdade, os dois que realmente trabalham lá vão poder apontar que a lista está errada, por exemplo."