O deputado estadual Neivo Beraldin (PDT, foto abaixo) pediu ontem que os três parlamentares que formam a Mesa Executiva da Assembleia Legislativa se licenciem temporariamente dos cargos. A atitude, segundo o pedetista, seria "um ato de humildade" e "uma satisfação ao Paraná". O pedido de Beraldin foi direcionado ao presidente da Casa, Nelson Justus (DEM); ao 1.º secretário, Alexandre Curi (PMDB); e ao 2.º secretário, Valdir Rossoni (PSDB). Os componentes da Mesa, porém, rechaçaram qualquer possibilidade de deixar os cargos.
Com o posicionamento de Beraldin, já são seis os deputados estaduais que pedem a saída de Justus da presidência da Casa. Além dele, Tadeu Veneri (PT), Ney Leprevost (PP) e os três parlamentares do PPS Douglas Fabrício, Felipe Lucas e Marcelo Rangel já se posicionaram pelo afastamento de Justus.
Em discurso na tribuna do plenário, Beraldin defendeu que o afastamento da Mesa se faz necessário para preservar a Assembleia. "Nada acontece na Casa sem que a Mesa autorize. Há um clamor e uma pressão muito grande da sociedade por mudanças", afirmou. "Não é demérito nenhum se afastar. Sei que é doído, mas essa atitude tem de ser tomada."
Justus rebateu e, ressaltando as últimas "medidas moralizadoras" tomadas pela Assembleia nos últimos meses, disse a Beraldin que não via "em que mudaria o andamento das investigações com a saída da Mesa". Para o presidente da Casa, discursos como o do pedetista não contribuem em nada para a melhoria da Assembleia. "O que contribui são ações, atos e atitudes para que possamos passar esta Casa a limpo."
Depois de responder às declarações de Beraldin, Justus se dirigiu ao pedetista no plenário, disse algumas palavras não registradas pelos microfones e bateu com uma das mãos no bolso do paletó, num gesto que ninguém soube dizer o que significava. "Ele [Justus] veio me pedir desculpas. Mas não vi esse gesto, então não posso comentar", declarou Beraldin.
Presente no plenário durante alguns momentos da sessão, Alexandre Curi não comentou as declarações de Beraldin. Mas Rossoni rebateu o discurso do colega. Afirmou que, para pedir o afastamento da Mesa, é preciso ter "honradez e idoneidade". Dizendo que não levaria a sério o pedido de afastamento, o tucano argumentou que nunca assinou nenhum ato da Mesa e que não há nenhuma denúncia contra ele.
Rossoni declarou ainda que não contrata "defunto", numa referência a Dirceu Pavoni, que faleceu em 12 de junho de 2003, mas só foi exonerado em outubro de 2006 do cargo em comissão que ocupava no gabinete de Beraldin.
O pedetista defendeu-se da indireta do tucano apresentando um documento atestado por uma perita particular, segundo o qual a sua assinatura que permitiu a contratação do morto foi falsificada. "A assinatura não é minha, foi falsificada", afirmou Beraldin.
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