Entidades do Paraná se manifestaram nesta terça-feira (11) sobre a declaração do presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Nelson Justus (DEM), de que a Casa de Leis teria sido invadida no sábado (9) durante a ação do Ministério Público do Paraná (MP-PR).
Justus discursou na abertura da sessão plenária de segunda-feira (10) e disse que a Mesa Diretora da Casa sempre esteve à disposição para colaborar com as investigações. O presidente da Assembleia criticou ainda a decisão da Justiça que permitiu o cumprimento dos mandados de busca e apreensão na Assembleia.
O presidente da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), Gil Francisco Guerra, disse nesta terça-feira que ficou perplexo com as declarações de Justus. Guerra afirmou que o deputado escolheu a forma e o meio errados para se manifestar. Segundo a Amapar, o presidente da Assembleia teria que ter se manifestado no processo sobre a discordância com relação às decisões judiciais. "(A atitude de Justus) é incompatível e cria uma linha de confronto desnecessária e imprópria às boas relações entre as instituições públicas", afirmou Guerra.
Já o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Paraná, José Lúcio Glombe, disse que a Assembleia Legislativa é uma instituição que precisa ser preservada. Mas, afirmou que as pessoas que atuam na Casa de Leis dirigentes ou não - não podem estar acima da lei e da ordem. "Nessas situações a lei deve imperar", disse Glombe.
O juiz Aldemar Sternadt, que autorizou a apreensão de documentos na Assembleia, afirmou que a declaração de Justus foi inadequada. "As palavras que o nobre deputado usou, procurando desacreditar ou ofender o juiz, não foram felizes. Esse não é o melhor caminho, o melhor estilo de se questionar as decisões judiciais", declara.
Sobre a questão, o Ministério Público divulgou uma nota na tarde de segunda-feira (10). órgão reforçou que a ação do fim de semana foi deflagrada "diante das informações incompletas fornecidas e da tentativa concreta de dificultar o acesso do Ministério Público aos documentos imprescindíveis para o bom cumprimento de sua missão constitucional". O MP salientou ainda que a diligência foi acompanhada por servidores do Legislativo e que todos os documentos e equipamentos apreendidos serão restituídos assim que forem examinados e periciados. O sigilo dos dados, de acordo com o MP, será devidamente preservado.
Operação Ectoplasma II
O Ministério Público, com o apoio de policiais, cumpriu vários mandados de busca e apreensão de documentos. Boa parte dessas apreensões foi realizada dentro da sede do legislativo. Representantes do órgão afirmaram que a operação só aconteceu porque os documentos não estavam sendo repassados pela direção da Assembleia.
A ação do Ministério Público do Paraná (MP-PR) no sábado resultou na prisão de nove pessoas, entre elas o ex-diretor administrativo da Assembleia, José Ary Nassif e o diretor da gráfica da AL, Luis Carlos Monteiro. Cinco detidos já foram liberados e outras 13 pessoas ainda são procuradas. O órgão investiga um esquema de desvio de dinheiros público na Casa.
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