Manifestantes derrubaram um portão e invadiram o prédio da Assembleia Legislativa para cobrar o afastamento de Nelson Justus (DEM) da presidência da Casa. O comando do movimento "Caça-fantasmas" em alusão à denúncia da existência de funcionários fantasmas no Legislativo paranaense alega que tiveram a entrada dificultada por seguranças da Assembleia. Eles queriam entregar um documento a Justus pedindo a saída do parlamentar. Os manifestantes prometem ocupar novamente o prédio se nenhuma medida for tomada quanto aos indícios de irregularidades na Casa.
De acordo com a Polícia Militar, cerca de 600 pessoas participaram do protesto. Essa foi a terceira mobilização "Caça-fantasmas" desde o início da publicação da série "Diários Secretos", da Gazeta do Povo e RPC TV.
Segundo líderes do movimento, a invasão não estava planejada e foi motivada pelo fechamento dos portões e pela presença de seguranças no local. "É a terceira vez em que damos com os portões fechados na Assembleia, e ainda havia seguranças afastando as pessoas da grade. Isso deixou os estudantes indignados. A Assembleia é um órgão público e deve estar aberto a todos, mas é tratada como propriedade privada pelos deputados", afirmou o vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) no Paraná, Adriano Matos.
Trancado
Por volta das 11 horas, um grupo de estudantes derrubou um portão do edifício. De acordo com a segurança da casa, cerca de 300 pessoas entraram pela brecha e ocuparam o prédio central da Assembleia, mas não o plenário, que estava trancado. Os manifestantes circularam pelas galerias gritando palavras de ordem pelo afastamento do presidente e cantaram o Hino Nacional. Eles saíram depois de 30 minutos.
A assessoria de imprensa do Legislativo comunicou que os seguranças foram chamados para conter eventuais confusões e que o portão derrubado é secundário e fica fechado a maior parte do tempo. Durante a sessão de ontem, Justus afirmou que funcionários da casa foram agredidos pelos estudantes. Os manifestantes negam qualquer violência.
Ocupação
Novas manifestações estão sendo organizadas e os estudantes prometem ocupar novamente o edifício. "Mandamos um recado para o presidente: esta invasão foi temporária, da próxima vez vamos acampar no prédio até que alguma coisa seja feita quanto às denúncias. Não podemos ver esse roubo acontecendo no nosso estado, vamos derrubar Nelson Justus, Alexandre Curi e o restante da Mesa Diretora", ameaça Matos.
O documento entregue durante o protesto traz as reivindicações de entidades estudantis, sindicais e do MST. Eles pedem a investigação das denúncias mostradas pela Gazeta do Povo e RPC TV; uma auditoria externa das contas da Assembleia; o afastamento de todos os integrantes da Mesa Diretora; a exoneração dos funcionários fantasmas; a cassação dos deputados envolvidos; a devolução do dinheiro desviado e uma audiência pública. O documento será encaminhado à Comissão de Ética da Assembleia.
Veja todas as denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre os Diários Secretos da Assembleia Legislativa.