Três ex-diretores e seis funcionários da Assembleia Legislativa do Paraná (AL) foram denunciados criminalmente nesta segunda-feira (3) pelo Ministério Público Estadual (MP-PR). Eles são acusados de envolvimento no esquema de contratação de funcionários fantasmas e lavagem de dinheiro na Casa.
Foram denunciados junto à 9ª Vara Criminal o servidor João Leal de Matos e três ex-diretores da AL que estão presos: Abib Miguel (diretor-geral), José Ary Nassiff (diretor administrativo) e Claudio Marques da Silva (diretor de pessoal). Também estão listados na denúncia cinco parentes de Matos que atuavam como "fantasmas" na Assembleia. A contratação destas pessoas teria gerado um prejuízo de cerca de R$ 13 milhões.
Segundo informações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Priscila Matos Peixoto, filha de João Leal, está na lista de pagamentos da Casa desde 1994, quando tinha apenas sete anos de idade. Já a mulher de João Leal, Iara da Silva Matos, constava na lista de funcionários da AL, mas, na realidade, trabalhava na casa de Abib Miguel cuidando de parentes doentes e idosos. O MP informou que ela recebia R$ 4 mil mensais do ex-diretor geral, no entanto, o salário dela na Assembleia era de R$ 24,6 mil.
Maria José da Silva (sogra de João Leal), além de Nair Teresinha da Silva Schibicheski e José Ricardo da Silva (cunhados) teriam recebido R$ 150 por mês para ceder documentos pessoais que possibilitaram a colocação deles na lista de servidores da Casa. De acordo com o Gaeco, esse fato foi confirmado pelas duas mulheres.
João Leal de Matos e os ex-diretores da Assembleia foram denunciados por formação de quadrilha, peculato (crime contra a administração pública), lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Os parentes de Matos respondem por peculato.
De acordo com o Ministério Público, Abib Miguel e Matos são acusados por 1.182 crimes relacionados aos desvios feitos nos cofres públicos. "O que chamou a nossa atenção durante as investigações é a gravidades dos fatos e a punição prevista para os crimes", disse, em entrevista ao telejornal ParanáTV 2ª Edição, da RPC TV, o promotor do Gaeco, Cláudio Esteves. A condenação por estas irregularidades pode render aos ex-diretores e ao servidor uma pena que varia de 42 anos a 297 anos de prisão.
Fantasmas
A Gazeta do Povo e a RPC TV mostraram na série de reportagens "Diários Secretos" a existência de um esquema que envolve mais de 2 mil atos secretos, a não divulgação de diários oficiais e a utilização de funcionários fantasmas e laranjas na Assembleia. Diante das denúncias, o MP abriu 20 investigações. Um dos alvos é o presidente da Casa, Nelson Justus (DEM). Na última semana, os promotores abriram inquérito para investigar todas as contratações feitas pela Mesa Executiva nos últimos dez anos.
Assista à reportagem em vídeo
Veja todas as denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre os Diários Secretos da Assembleia Legislativa.
Deixe sua opinião