Os três ex-diretores da Assembleia Legislativa do Paraná presos no fim de semana, se calaram durante os depoimentos prestados ontem aos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Abib Miguel, ex-diretor-geral, José Ary Nassiff (administrativo) e o ex-diretor de Recursos Humanos Cláudio Marques da Silva se valeram do direito de permanecerem calados e não responderam a nenhum questionamento sobre a investigação.
Os três ex-diretores e outras sete pessoas foram detidas no sábado acusados de formação de quadrilha para falsificar documentos, lavagem de dinheiro e peculato (desvio de dinheiro praticado por funcionário público). Bibinho, como Abib Miguel é conhecido, disse apenas aos promotores que o patrimônio dele se justificaria pela exploração de uma fazenda que o ex-diretor tem em São João DAliança, em Goiás. A fazenda seria uma das maiores produtoras de soja da região e está avaliada em cerca de R$ 50 milhões. De acordo com fontes do Ministério Público, o patrimônio de Abib Miguel estaria avaliado em cerca de R$ 30 milhões e Bibinho, ainda no momento em que estava sendo preso, teria mencionado um rendimento anual de aproximadamente R$ 8 milhões.
No depoimento aos promotores da Gaeco, José Ary Nassiff não respondeu nem o cargo que ocupava na Assembleia do Paraná. Cláudio Marques da Silva falou apenas da estrutura da Assembleia. Questionado sobre a relação que ele tinha com Bibinho, Silva disse apenas que se tratava de uma relação profissional.
Funcionários
Além dos ex-diretores, os promotores ainda ouviram ontem João Leal de Mattos e seis parentes dele também detidos no fim de semana. Durante o depoimento, Mattos tentou explicar os cartões bancários em nome de familiares encontrados na casa dele. "Ele disse que os próprios parentes pediram para ele ficar com o cartão, para fazer algum pagamento", disse o coordenador do Gaeco, promotor Leonir Batisti.
A suspeita é que Mattos tenha usado os cartões bancários para desviar o dinheiro que era depositado pela Assembleia na conta dos parentes dele. A cunhada de Mattos, Nair Terezinha da Silva Schibicheski, e a sogra, Maria José da Silva, contaram aos promotores que forneceram os documentos em troca de R$ 150 por mês. Como ajudaram nas investigações, as duas foram liberadas. Entre 2004 e 2009, a Assembleia repassou cerca de R$ 1 milhão para Nair e também para Maria José. "Elas caracterizaram esse pagamento (de R$ 150) como um presente de Abib Miguel", disse Batisti.
As agricultoras Jermina Maria Leal e a filha Vanilda Leal, respectivamente irmã e sobrinha de Mattos, responderam às perguntas dos promotores, mas pouco ajudaram na investigação. As duas, que tinham se calado num primeiro depoimento, disseram que nunca trabalharam na Assembleia e alegaram que não sabiam se nada sobre o dinheiro que foi depositado pela Assembleia em suas contas bancárias. Pelo menos R$ 1,6 milhão foram repassados para as contas de Jermina e Vanilda.
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