Duas funcionárias que moram no Litoral de Santa Catarina teriam recebido da Assembleia Legislativa do Paraná (AL-PR) cerca de R$ 2 milhões em salários, mesmo sem comparecer à sede do Legislativo para trabalhar.
Uma equipe de reportagem da Gazeta do Povo e da RPC-TV conseguiu com exclusividade documentos que mostram a ficha funcional de duas servidoras fantasmas do Legislativo: Lorete Prevedelo Pequeno e a irmã dela, Gina Prevedelo Pequeno.
Lorete esteve ligada ao gabinete da presidência do Legislativo por 15 anos, de fevereiro de 1995 até fevereiro de 2010. No entanto, há pelo menos seis anos, ela vive em Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, a 230 quilômetros de Curitiba.
Somente entre janeiro de 2007 e fevereiro de 2010, período do mandato do deputado Nelson Justus (DEM) na presidência da Assembleia, foram pagos cerca R$ 667 mil em salários para Lorete. Já entre 2004 e 2006, na gestão do ex-deputado e atual presidente do Tribunal de Contas (TC), Hermas Brandão, ela recebeu pouco mais de R$ 965 mil.
A irmã dela, Gina Pequeno, foi nomeada funcionária da primeira secretaria da Casa em outubro de 2007 e acabou exonerada em março deste ano. Neste período, os vencimentos dela totalizaram quase R$ 563 mil.
Em nota em enviada ao telejornal ParanáTV 2ª Edição, da RPC TV, a assessoria do atual primeiro secretário da Assembleia, Alexandre Curi (PMDB), alegou que Gina Pequeno era, na realidade funcionária do gabinete da administração. O ex-presidente da Casa, Hermas Brandão, informou que não sabia que Lorete trabalhava no gabinete da presidência. Já Nelson Justus não quis comentar o assunto. Economia de R$ 2 milhões
Reportagem publicada no início deste mês na Gazeta do Povo mostrou que o custo da Assembleia Legislativa com o pagamento de funcionários diminuiu cerca de R$ 2 milhões depois da divulgação da série Diários Secretos, elaborada pela Gazeta do Povo e pela RPC TV. A economia no Legislativo foi relatada pelo atual diretor-financeiro da Casa, Rolando Romanzini, em depoimento ao Ministério Público Estadual (MP) que investiga irregularidades na Assembleia.
Na série de reportagens da RPC, foi revelado, entre outras coisas, que diversos funcionários fantasmas e laranjas recebiam salários de mais de R$ 30 mil, sendo que eles não prestavam expediente no Legislativo.
Mais tarde, investigação do MP revelou que os salários desses "servidores" eram desviados por uma quadrilha chefiada pelo ex-diretor-geral da Assembleia, Abib Miguel, e que contava com a participação dos ex-diretores José Ary Nassiff (administrativo) e Cláudio Marques da Silva (pessoal), além de alguns funcionários. Todos os ex-diretores estão presos. Os desvios superam os R$ 100 milhões, segundo estimativa dos promotores que investigam o caso.
Cassação
Nesta segunda-feira (13), Justus e Curi apresentaram suas defesas em relação ao processo do PV que pede a cassação do mandato dos dois parlamentares. Protocolado na Assembleia no início de junho, o documento assinado pelo PV defende que Justus e Curi teriam sido coniventes com as irregularidades mostradas na série Diários Secretos, o que caracterizaria quebra do decoro parlamentar.
Assista à reportagem em vídeo
Veja todas as denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre os Diários Secretos da Assembleia Legislativa.