O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Nelson Justus (DEM), considera que o fato de os principais políticos de Guaratuba ocuparem ou terem ocupado cargo em comissão no Legislativo estadual é uma coincidência. Os diários oficiais da Casa revelam que pelo menos sete dirigentes partidários do município do litoral foram empregados na Assembleia Legislativa.
Esses mesmos partidos, que trabalham como agentes políticos em Guaratuba, apoiaram a candidatura de Evani Justus, cunhada do deputado, para a prefeitura da cidade em 2008. A coligação "Guaratuba mais forte" reuniu 12 partidos, sendo que os dirigentes de cinco deles possuem cargos em comissão na Assembleia.
"(Isso) É uma coincidência. Nós temos que separar as coisas. A minha cunhada foi candidata, ganhou as eleições pelos seus próprios méritos. Agora se apoiaram a prefeita, o fizeram muito bem porque estão ressuscitando a nossa Guaratuba", disse Justus.
O ex-presidente da Câmara de Vereadores de Guaratuba, Antônio Emílio Caldeira Júnior, é agente político de Justus, assim como a filha, que segundo o deputado, já foi exonerada do cargo. O atual presidente da Câmara de Guaratuba, Cláudio Nazário da Silva, também já exerceu um cargo em comissão no gabinete da presidência da Assembleia Legislativa.
Silva foi contratado em maio de 2007 e, segundo Justus, exonerado no ano seguinte. Este ato de exoneração, no entanto, não foi publicado em diário oficial numerado. Nem mesmo Justus sabe onde foi publicado o ato que comprovaria a demissão de Silva.
"Não é possível que um ato seja validado se ele não foi publicado. Onde foi publicado e onde ele se encontra? É isso que vamos mostrar [para o Ministério Público]", afirmou Justus, citando um ofício em que o Ministério Público (MP) requisita os 2.178 atos que não foram publicados nos diários numerados no período de janeiro de 2006 a março de 2009. "Eu não posso acreditar que isso não exista. Se não existir, vamos comunicar ao MP", completou.
Legal e moral
Justus considera legal e moral a figura dos agentes políticos, desde que, ressalta o parlamentar, eles trabalhem. Ele afirma que houve muita discussão antes da implementação da figura do agente político. "Nós discutimos muito, conversamos com o Tribunal de Contas (do Estado) e com o Ministério Público. Explicamos e mostramos como funcionam em outras Assembleias. Se não pudesse, se fosse ilegal, eu não implantava", disse Justus. Segundo ele, "os deputados se valem dessas pessoas (agentes políticos) porque elas são mais acessíveis e ajudam no trabalho político. Muitas vezes uma mãe de santo é tão importante quanto um vereador, porque ela sabe o que está errado".
Os contratos
Justus confirmou a contratação em seu gabinete do advogado José Virgílio Castelo Branco Neto, que é sócio de seus filhos Renato e Nelson Cordeiro Justus em um escritório de advocacia. "Ele (José Virgílio) foi meu funcionário. Entrou em junho de 2006 e saiu em dezembro de 2009. Ele me ajudava muito na parte de advocacia", afirmou. Já sobre o contrato firmado entre o escritório de Renato e Nelson Cordeiro Justus com a Câmara Municipal de Guaratuba, o deputado disse que não compete a ele comentar o caso.
Operação Juçara
Nelson Justus disse que não conhece a advogada Beatriz Grossi Maia, que divide uma sala comercial com os advogados Deisi Lacerda e Eduardo Duarte Ferreira que trabalha numa série de ações que envolvem deputados estaduais e pessoas ligadas à Assembleia, como nos casos da Operação Juçara e na investigação da Polícia Federal sobre o Esquema Gafanhoto, que consistia no depósito de salários de diversos servidores numa única conta bancária. "O advogado é advogado. A Assembleia é a Assembleia. Eu não conheço essa advogada. Vou saber onde ela está lotada. Se ainda for funcionária, quero saber o que ela faz após o recadastramento", comentou.
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