A Justiça determinou a prisão preventiva dos três ex-diretores afastados e de um funcionário da Assembleia Legislativa do Paraná. Abib Miguel (diretor-geral), José Ary Nassiff (diretor administrativo) e Claudio Marques da Silva (diretor de pessoal), e o servidor João Leal de Mattos foram presos no dia 24, na Operação Ectoplasma 1, comandada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), como parte da investigação sobre desvio de recursos públicos na Assembleia.
A decisão é do juiz Aldemar Sternadt, substituto na Vara de Inquéritos Policiais, que atendeu ao pedido do Ministério Público. Dois pedidos de prisão provisória, com duração de cinco dias cada, haviam sido autorizados pela Justiça, mas agora, com a prisão preventiva decretada, os quatro detidos só serão libertados se uma nova decisão judicial determinar a soltura.
No pedido, o MP argumentou que os ex-diretores e o servidor deveriam permanecer presos para não atrapalharem as investigações e como forma de garantia de ordem pública.
Os promotores devem apresentar nesta semana uma ação judicial contra os quatro detidos, acusados de formação de quadrilha para falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos, por meio de contratação de funcionários fantasmas e apropriação dos salários. A Justiça já determinou o bloqueio dos bens dos ex-diretores. Só uma fazenda de Abib Miguel, em Goiás, é avaliada em cerca de R$ 50 milhões.
Na Operação Ectoplasma I, os policiais apreenderam R$ 450 mil em dinheiro, armas, munição, um triturador de papel, papel picotado e documentos, computadores e 73 veículos, incluindo alguns automóveis de coleção. A intenção dos promotores é garantir formas de ressarcimento aos cofres públicos, em caso de eventual condenação da Justiça. As investigações apontam que só com a participação da família do servidor João Leal de Mattos teriam sido desviados R$ 20 milhões.
Pelo menos sete pessoas da família Leal foram empregadas na Assembleia. Elas foram presas também na operação policial, mas apenas João permanece detido. Maria José da Silva e Nair Terezinha da Silva Schibicheski, sogra e cunhada de João, confessaram em depoimento que emprestaram documentos pessoais em troca de uma mesada de R$ 150. As agricultoras Jermina e Vanilda, irmã e sobrinha de João, moradoras de Cerro Azul, receberam depósitos em contas bancárias em nome delas no valor de pelo menos R$ 1,6 milhão em cinco anos. Também estariam envolvidas a esposa de João, Iara, e a filha, Priscila.
Fantasmas
A Gazeta do Povo e a RPC TV mostraram na série de reportagens "Diários Secretos" a existência de um esquema que envolve mais de 2 mil atos secretos, a não divulgação de diários oficiais e a utilização de funcionários fantasmas e laranjas na Assembleia. Diante das denúncias, o MP abriu 20 investigações. Um dos alvos é o presidente da Casa, Nelson Justus (DEM). Na última semana, os promotores abriram inquérito para investigar todas as contratações feitas pela Mesa Executiva nos últimos dez anos.
Todos os 1,9 mil funcionários em cargos de confiança no Legislativo foram exonerados na sexta-feira. Amanhã, os diretores serão recontratados. Na sequência, cada deputado indicará quais servidores pretendem nomear.
Veja todas as denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre os Diários Secretos da Assembleia Legislativa.
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