A sessão de ontem da Assembleia foi palco de uma longa troca de farpas entre o presidente da Casa, Nelson Justus (DEM), e Ney Leprevost (PP). Em discurso, o deputado, que já havia defendido publicamente a saída de Justus da presidência, afirmou que "todos devem assumir o ônus e o bônus das responsabilidades que assumiram". Tomando o recado para si, Justus afirmou que "não é um discurso fácil, demagogo e traidor que irá resolver os problemas da Casa". Segundo o democrata, Leprevost "ainda é moço e tem muito o que aprender".
O desentendimento entre os parlamentares teve início quando Leprevost defendeu que todos os 54 deputados têm sua parcela de culpa na crise vivida pela Assembleia, seja por "imperícia ou omissão". "Mas quero acreditar, ao menos, que o senhor não sabia das crianças de sete, oito anos que estavam nomeadas na Casa", disse a Justus. O deputado do PP ainda argumentou que, para superar a "situação triste e constrangedora" que vive a Casa, é preciso convocar a sociedade para debater com os parlamentares, e não votar projetos como a PEC de retaliação ao Ministério Público.
Alegando que já ouviu de Leprevost vários elogios às ações tomadas pela Mesa Executiva, Justus afirmou que as mudanças pelas quais passa a Assembleia não se fazem "da noite para o dia". "Isso se faz com trabalho e não com discurso. Não precisa ser da Mesa para ajudar a Casa, mas nunca vi o senhor lá, nos ajudando", rebateu.
O democrata disse ainda que está aguentando "sozinho e sem reclamar" toda a pressão enfrentada pela Assembleia. "Sente do outro lado do balcão, mude uma estrutura de mais de 30 anos. O senhor não aguentaria, daria ré", desafiou. "Vou entregar uma nova Assembleia ao próximo presidente e não terei feito isso sozinho. Esses sim são deputados estaduais."
Dizendo-se ofendido com as palavras de Justus, Leprevost afirmou entender o momento difícil vivido pelo presidente da Casa, mas declarou que todos os parlamentares são cobrados diariamente nas ruas. "Coloquei apenas o pensamento da sociedade, não fiz demagogia. Só quis mostrar que há uma cobrança natural da sociedade. Tenho o compromisso de expressar a opinião dos meus eleitores. Não quero declarar guerra ao senhor", alegou. "Eu não aguentaria mesmo. É louvável a sua coragem em permanecer [na presidência]. Eu teria saído."
Durante a discussão, Justus revelou para mostrar a Leprevost as medidas tomadas em nome da transparência que falta apenas um deputado para que a Assembleia complete o recadastramento dos funcionários comissionados.
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