O escritório de advocacia dos filhos do presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Nelson Justus (DEM), está sendo investigado num suposto esquema de desvio de dinheiro público da prefeitura de Ivaiporã (Centro-Norte do Paraná). O Ministério Público apura a suspeita de que o escritório tenha recebido dinheiro da prefeitura, na gestão 2001-2004, sem nunca ter prestado serviço.
O MP denunciou o ex-prefeito da cidade Pedro Wilson Papin e outras 51 pessoas por improbidade administrativa e prejuízos de R$ 10 milhões aos cofres municipais. Papin é acusado por várias irregularidades durante a gestão 2001-2004 uma delas seria exatamente a contratação do escritório pertencente a dois filhos de Justus (Nelson Cordeiro Justus e Renato Cordeiro Justus) e a José Virgílio Castelo Branco Rocha Neto. Para o MP, "não haveria sequer a comprovação de que a firma em questão [o escritório] tenha prestado os serviços para os quais foi contratada".
Nelson Cordeiro Justus disse lamentar ser envolvido no caso denunciado pelo MP. Ele rechaçou a acusação de que o escritório não teria prestado serviços à prefeitura. "Tenho como provar [que prestei o serviço]", afirmou. Ele assegurou ter elaborado mais de 40 pareceres jurídicos e ter acompanhado diversas ações judiciais do município. "É criminosa a afirmação de que não trabalhei. Vou tomar providências contra o MP ou contra quem informou que não fiz nada." Ele contou que o contrato, que vigorou de 2002 a 2004, era de R$ 1.250 por mês.
Outros contratos
Essa não é a primeira vez que o escritório dos filhos de Justus aparecem em uma contratação suspeita. A Gazeta do Povo e a RPC TV já mostraram, na série de reportagens "Diários Secretos", que o escritório pode ter sido favorecido numa licitação na Câmara de Guaratuba, no litoral do Paraná cidade administrada pela cunhada de Nelson Justus, Evani Justus.
A reportagem mostrou que o escritório deles tinha proposta idêntica à dos concorrentes, até com os mesmos erros de português e digitação. Além disso, os dois concorrentes tinham entre os sócios funcionários da Assembleia.
A legalidade da contratação do escritório dos filhos de Justus também está sendo investigada pelo MP no município de Ibiporã (Norte do estado). O MP abriu investigação depois que a série "Diários Secretos" mostrou uma rede de relações políticas montada por Justus na cidade, envolvendo o prefeito José Maria Ferreira, ex-funcionário da presidência da Assembleia.
Além disso, também em Ivaiporã há uma rede de aliados políticos de Justus envolvendo parentes do ex-prefeito. O diário oficial da Assembleia número 54, de maio de 2007, traz a nomeação de Cristiane Papin para trabalhar na presidência da Casa. Cristiane é filha do ex-prefeito Pedro Wilson Papin agora denunciado pelo MP.
Além da contratação suspeita do escritório, o MP apontou que Papin realizou gastos "abusivos" com promoção pessoal, utilizou recursos públicos para a quitação de despesas particulares com material de campanha, concedeu descontos irregulares a contribuintes em período eleitoral, fez pagamentos de horas extras não trabalhadas para servidores de sua confiança e teria realizado contratações em licitação. Ele também repassou recursos para a Associação de Proteção à Maternidade e Infância, que era presidida pela sua mulher, Sílvia Papin. O ex-prefeito foi procurado, mas não deu retorno à reportagem.
A festa da direita brasileira com a vitória de Trump: o que esperar a partir do resultado nos EUA
Trump volta à Casa Branca
Com Musk na “eficiência governamental”: os nomes que devem compor o novo secretariado de Trump
“Media Matters”: a última tentativa de censura contra conservadores antes da vitória de Trump
Deixe sua opinião