O deputado Nelson Justus (DEM), ex-presidente da Assembleia, é acusado pelo Ministério Público Estadual (MP) pela contratação irregular de um funcionário que atuaria como "cabo eleitoral" dele no Norte do Paraná. De acordo com denúncia ajuizada pelo MP na sexta-feira, as formalidades necessárias para efetivar a nomeação do servidor Carlos Roberto Andrade foram totalmente desprezadas.
Andrade teria começado a trabalhar e a receber salário em março de 2007, mas o ato de nomeação foi publicado apenas em 2009. Portanto, conclui o MP, o pagamento da remuneração dele não teve amparo legal nesse período.
Para confeccionar a nomeação de Andrade com data retroativa, a funcionária da Assembleia Taís Serafim reconheceu, em depoimento, que fez uma rasura na pasta de registro de atos oficiais, incluindo, a lápis, a contratação. A nomeação do funcionário ganhou o número de identificação 713-A/2007. O ato 713/2007 original traz o provimento de outro funcionário na Assembleia.
A determinação de fraudar a contratação, segundo o MP, teria partido de Cláudio Marques da Silva, ex-diretor de Pessoal da Assembleia. Para os promotores que assinaram a ação, Justus e o ex-primeiro-secretário Alexandre Curi teriam assinado conscientemente o ato de provimento com data falsa e retroativa.
Em outro processo investigatório, o MP apura a contratação de Carlos Roberto Andrade com fins político-eleitorais. Ele foi nomeado para trabalhar na presidência da Assembleia, mas confessou morar a 384 quilômetros de distância de Curitiba, em Ivaiporã, no Norte do estado. No entendimento do MP, o fato de um servidor da área administrativa atuar fora do prédio da Assembleia já configura irregularidade.
Em depoimento prestado em maio do ano passado, Andrade revelou, de acordo com a promotoria, que seu "trabalho" em nada se relaciona com as atividades administrativas da presidência da Assembleia ou mesmo com o interesse público. Andrade declarou que "exerce o cargo em comissão de assessor político junto ao gabinete do deputado Nelson Justus; que representa politicamente o referido deputado na região do Vale do Ivaí e que desde há muito tempo trabalha politicamente para o deputado, razão pela qual foi nomeado para o cargo".
A equipe da Gazeta do Povo tentou contato com Justus em seu gabinete na Assembleia na tarde de sexta-feira, por volta das 16 horas, logo após o MP ter protocolado a denúncia na Assembleia. Mas ninguém atendeu o telefone. A reportagem também telefonou para o celular de Carlos Roberto Andrade, que não atendeu às ligações.