Vencedores
Veja quem foram os vencedores de todas as categorias do Prêmio Esso 2010:
Prêmio Esso de Jornalismo 2010
Katia Brembatti, Karlos Kohlbach, James Alberti e Gabriel Tabatcheik, com o trabalho "Diários Secretos", publicado na Gazeta do Povo e RPC TV (Paraná).
Prêmio Esso de Telejornalismo
Roberto Cabrini, Luciana Del Claro, José Dacauaziliquá, Bruna Estivalet, Márcio Ronald e Lula Andrade, com o trabalho "Sexo, intrigas e poder", exibido no SBT.
Prêmio Esso de Reportagem
Leonardo Souza, com o trabalho "Dossiê traz dados sigilosos da Receita contra tucanos", publicado na Folha de S. Paulo.
Prêmio Esso de Fotografia
Alexandre Vieira, com o trabalho "Faroeste carioca", publicado no jornal O Dia (Rio de Janeiro).
Prêmio Esso de Informação Econômica
Leonardo Souza, com o trabalho "Sem caixa, governo segura restituições", publicado na Folha de S. Paulo.
Prêmio Esso de Informação Científica, Tecnológica e Ecológica
João Moreira Salles, com o trabalho "Artur tem um problema", publicado na revista Piauí.
Prêmio Esso Especial de Primeira Página
Bárbara Carvalho, Fabrício Cardoso, Edgar Gonçalves Jr., Denis Pacher, José Werner e Patrick Rodrigues, com o trabalho "Ainda somos o único penta", publicado no Jornal de Santa Catarina (Blumenau).
Prêmio Esso de Criação Gráfica Categoria Jornal
Gil Dicelli, com o trabalho "Trilogia Inquisição no rastro dos amaldiçoados", publicado no jornal O Povo (Fortaleza).
Prêmio Esso de Criação Gráfica Categoria Revista
Elohim Barros, Ricardo Calil, Lino Bocchini, Alex Cassalho, Camila Fudisaku, Thiago Bolotta, Caio Ferretti e Fujocka, com o trabalho "Edição especial morte", publicado na revista Trip.
Prêmio Esso Regional Norte/Nordeste
Fred Figueiroa e Juliana Colares, com o trabalho "O caminho sem volta", publicado no Diário de Pernambuco (Recife).
Prêmio Esso Regional Centro-Oeste
Thiago Herdy, com o trabalho "Nos passos de Jean", publicado no Estado de Minas (Belo Horizonte).
Prêmio Esso Regional Sul
Simone Kafruni, com o trabalho "O campo envelhece", publicado no Diário Catarinense (Florianópolis).
Prêmio Esso Regional Sudeste
Letícia Vieira, com o trabalho "A escola como ela é", publicado no jornal Extra (Rio de Janeiro).
Opinião
Um prêmio para a defesa do bem público
A conquista do Prêmio Esso de Jornalismo 2010 pela Gazeta do Povo e pela RPC TV, com a série Diários Secretos, deve ser dividida com todos os paranaenses que têm a capacidade de se indignar com a corrupção e os desmandos no trato da coisa pública e, acima de tudo, que acreditam que as instituições podem e devem funcionar dentro dos limites da ética.
Ao longo de quase dois anos, os jornalistas Karlos Kolbach, Katia Brembatti, Gabriel Tabatcheik e James Alberti se debruçaram de forma incansável sobre pilhas de documentos, ouviram um sem-número de pessoas, cruzaram informações e levantaram um vasto rol de dados e informações. O resultado final foram as reportagens publicadas ao longo de quatro meses por este jornal e mostradas pela tevê, desvendando o escandaloso esquema de corrupção montado na Assembleia Legislativa do Paraná para o desvio milionário de verbas e contratações de funcionários fantasmas.
Este é o papel que cabe à imprensa, que tem no interesse público o seu escopo maior, informando, fiscalizando e, se preciso, denunciando erros e desmandos. Num momento em que a liberdade de imprensa vem sofrendo críticas e tentativas espúrias de censura em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, reportagens como a dos Diários Secretos mostram de forma cristalina a importância que os meios de comunicação têm na defesa das instituições e no zelo para o seu correto funcionamento.
O jornalismo paranaense definitivamente entrou para a galeria de expoentes da imprensa brasileira. Na noite da última quinta-feira, a série de reportagens Diários Secretos, publicada pela Gazeta do Povo e pela RPC TV, conquistou a principal categoria do Prêmio Esso 2010, a mais importante e tradicional premiação do jornalismo no Brasil. Essa é a segunda vez que um veículo de comunicação de fora do eixo RioSão PauloBrasília ganha o Grande Prêmio nos 55 anos de existência do Esso, criado em 1956. E o reconhecimento do trabalho veio apenas uma semana depois de a mesma série vencer o Prêmio Embratel/Tim Lopes de Jornalismo, outra premiação de reputação nacional.
O trabalho vencedor do Esso foi desenvolvido pelos jornalistas Karlos Kohlbach, Katia Brembatti, James Alberti e Gabriel Tabatcheik. Foram dois anos de apuração jornalística, catalogando informações de 724 diários oficiais da Assembleia publicados entre 1998 e 2009.
O levantamento levou a Gazeta do Povo e a RPC TV a desvendar um esquema criminoso de desvio de dinheiro da Assembleia Legislativa do Paraná que, segundo estimativas do Ministério Público (MP), ultrapassa os R$ 100 milhões.
Os recursos públicos, como mostrou a investigação, eram desviados por meio da contratação de dezenas de servidores fantasmas ou laranjas muitos dos quais parentes dos envolvidos. E tudo vinha sendo ocultado da sociedade, durante décadas, por meio de uma série de entraves criados pela própria Assembleia para a divulgação dos diários oficiais da Casa, onde eram oficializadas as contratações dos funcionários que não trabalhavam.
Ao revelar como funcionava o esquema, a partir de março deste ano, a série Diários Secretos resultou na abertura de investigações criminais pelo MP e pela Polícia Federal; no afastamento e demissão de vários integrantes da cúpula gerencial da Assembleia; e na prisão de três ex-diretores da Assembleia: Abib Miguel, o Bibinho (ex-diretor-geral), José Ary Nassiff (ex-diretor administrativo) e Cláudio Marques da Silva (ex-diretor de pessoal) apontados como mentores e executores do esquema. Os três e outras dezenas de pessoas envolvidas já foram denunciados à Justiça e, atualmente, respondem a processo judicial.
Também foram abertas ações na Justiça por improbidade contra dois deputados que têm cargo de direção política da Assembleia o presidente da Casa, Nelson Justus (DEM); e o primeiro-secretário, Alexandre Curi (PMDB). Embora eles não estejam envolvidos no desvio de dinheiro, são acusados pelo MP de serem corresponsáveis pela contratação dos fantasmas. Além disso, um processo de cassação por quebra de decoro foi aberto contra dois parlamentares Justus e Curi. Mas o pedido foi arquivado neste mês.
O escândalo também provocou profunda indignação na sociedade civil do estado, que lançou o movimento O Paraná que Queremos. Milhares de paranaenses saíram às ruas em 8 de junho, nas 13 maiores cidades do estado, para pedir moralidade na política. E quase 94 mil pessoas referendaram um abaixo-assinado cobrando ética na Assembleia.
A pressão popular resultou na aprovação, pela própria Assembleia, de uma inédita Lei da Transparência, que prevê a publicação na internet de todas as despesas dos três poderes estaduais incluindo as notas fiscais dos gastos.
"A corrupção se constrói na sombra. Depois das reportagens da Assembleia, foi aprovada a Lei da Transparência, que poderá ser estendida para outros órgãos do estado", declara o jornalista James Alberti, um dos premiados. "Dedico o prêmio às milhares de pessoas que saíram às ruas para dizer que não concordam com o que estava ocorrendo", ressalta Katia Brembatti.
"Até então, ninguém tinha acesso aos diários. Nós conseguimos entender o que ocorria. Esse é um prêmio dedicado a todos que praticam o jornalismo investigativo", complementa Gabriel Tabatcheik. Para o jornalista Karlos Kohlbach, a premiação é resultado da liberdade de imprensa. "Esse tipo de reportagem sai, no Brasil, numa imprensa sem censura e sem qualquer tipo de regulamentação no conteúdo."
Contribuição à democracia
"O fundamental é a contribuição que a série deu para democracia e cidadania no Paraná, colocando às claras as coisas erradas", afirma Guilherme Döring Cunha Pereira, vice-presidente do GRPCom, grupo empresarial que edita a Gazeta do Povo e do qual faz parte a RPC TV. "O prêmio reconhece esse trabalho e serve de estímulo ao jornalismo de qualidade e consciente. É um orgulho para o grupo", destaca Cunha Pereira.
"Depois de vencer o Prêmio Embratel, a conquista do Esso vem coroar todo o esforço jornalístico dos repórteres que estiveram à frente das reportagens da série Diários Secretos. Também é uma amostra do amadurecimento do jornalismo hoje realizado pela Gazeta do Povo e pela RPC TV", complementa o diretor de redação da Gazeta, Nelson Souza Filho.
Por meio de nota divulgada pela assessoria da Associação Nacional de Jornais (ANJ), a presidente da entidade, Judith Brito, fez questão de ressaltar a importância do trabalho para o estado e para o país. "É mais do que merecido para um trabalho investigativo de dois anos e que prestou inestimável serviço ao Paraná e ao país. Jornalismo independente, profissional e de qualidade. É exatamente isso que fizeram a Gazeta do Povo e seus repórteres: compromisso com a verdade e com os interesses dos cidadãos", diz a nota.
O presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Fernando Rodrigues, acredita que a conquista paranaense é um incentivo para que outros jornais regionais desenvolvam trabalhos semelhantes. "O prêmio é um exemplo muito positivo e incentivador para que jornais de todo o Brasil, independente da região, produzam boas reportagens e obtenham reconhecimento nacional", afirma. Para Rodrigues, a série Diários Secretos é ainda um reforço na luta pelo acesso a informações públicas. "A Abraji tem uma luta histórica pelo acesso livre a dados públicos. A reportagem contribuiu para a causa."
No Paraná, a notícia do prêmio foi recebida com alegria pelos profissionais da área. "Isso [o Esso] prova que o jornalismo paranaense é de qualidade e ajuda a melhorar a democracia no estado", diz o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor), Márcio Rodrigues.
O jornalista Luiz Geraldo Mazza, comentarista da rádio CBN e que há 60 anos trabalha na imprensa paranaense, avalia que o prêmio será um divisor de águas no estado. "É um fato relevante que rompe com a tradição de acomodação da nossa mídia. O prêmio é uma vitória que encoraja quem procura fazer jornalismo crítico."
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