A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná, o PPS e o PV defenderam ontem o afastamento do presidente da Assembleia Legislativa, Nelson Justus (DEM), do cargo para garantir uma investigação segura e isenta das denúncias apresentadas pela Gazeta do Povo e pela RPC TV na série "Diários Secretos".
Nesta semana, a sequência de reportagens mostrou que Justus montou uma rede de apoio político baseado em cargos na Assembleia e sonegou à Justiça Eleitoral a participação societária em uma rádio em Guaratuba, em que é sócio de Isabel Stein Miguel, filha do diretor-geral afastado da Assembleia, Abib Miguel. Além disso, Justus considerou "perfeitamente normal" o chefe de gabinete dele, Sérgio Monteiro, manter dez parentes como funcionários da Casa.
Busca e apreensão
O presidente da OAB-PR, José Lúcio Glomb, declarou que o afastamento das pessoas citadas nas reportagens, incluindo o presidente da Assembleia, é a garantia para a investigação das acusações. "Eu pediria para ele que se afastasse. Acho que ele deveria considerar seriamente essa possibilidade." Glomb, porém, foi mais duro com o Ministério Público Estadual (MP), responsável direto por investigar as informações publicadas e oferecer denúncia, caso julgue necessário. "O MP deveria aproveitar o momento para ser rigoroso. Deveriam estar dentro da Assembleia, apreender as matérias, não esperar que a Assembleia envie. Poderia ter sido feita busca e apreensão."
O procurador-geral de Justiça, Olympio de Sá Sotto Maior, entretanto, afirmou que o MP não está se omitindo nas investigações que tem o dever de realizar. Segundo ele, todas as denúncias estão sendo analisadas pela entidade, que precisa colher as provas necessárias para, só então, adotar as medidas legais cabíveis. Em relação às últimas denúncias contra o presidente da Assembleia, Sotto Maior disse que se reunirá hoje com os promotores que acompanham o caso para estabelecer os novos rumos da investigação. O procurador-geral, no entanto, não se posicionou sobre um possível afastamento de Justus. "A posição oficial do MP será tomada no momento oportuno, com os elementos necessários para se propor uma medida judicial", declarou. "Conforme as investigações caminharem, todos os componentes da mesa diretora serão ouvidos."
Partidos
O presidente estadual do PPS no Paraná, Rubens Bueno, disse que o partido foi o primeiro a publicar nota defendendo o afastamento das pessoas citadas na série de reportagens como forma de isentar as investigações de influências. "Seja o diretor-geral, seja o presidente, todos os envolvidos tem que se afastar para apurar." O PV, por meio de uma nota assinada pelo presidente do partido, Melo Viana, e encaminhada ao Conselho de Ética da Assembleia, estendeu o pedido de saída para todos os cargos da mesa diretora. "A investigação dos atos em suspeição exige a máxima transparência, o que não pode ser garantida se os responsáveis administrativos pela gestão da Casa e pelos atos investigados integram a própria Mesa Diretora".
O presidente do DEM no Paraná, Aberlado Lupion, disse que o partido não vai tomar nenhuma atitude até o fim das investigações, porque Justus tem "uma história como deputado." Para ele, qualquer manifestação do partido agora seria uma "crucificação". "Nós não podemos criar um tribunal de exceção."
Veja todas as denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre os Diários Secretos da Assembleia Legislativa.
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