A possibilidade de participação do Ministério Público do Paraná (MP-PR) nas investigações internas da Assembleia Legislativa causou indignação de membros do MP. Um dos promotores que não concordam com a participação do órgão na comissão de sindicância é Fuad Faraj. Ele encaminhou um requerimento ao procurador-geral de Justiça do estado, Olympio de Sá Sotto Maior Neto, nesta quinta-feira (25), afirmando que essa postura poderia inviabilizar a isenção do MP nas investigações.
O anúncio da investigação conjunta havia sido feito pelo deputado Nelson Justus (DEM), presidente da Assembleia Legislativa, na quarta-feira (24). Justus afirmou que dois membros do MP e dois do Tribunal de Contas do Paraná (TC) iriam participar da comissão de sindicância.
"[...] As provas colhidas pelo Ministério Público, dentro ou fora do contexto de uma sindicância, não poderão ser compartilhadas por nenhum membro, integrante ou servidor da Assembleia Legislativa do Paraná, sob pena de facilitar aos criminosos que se locupletaram à custa do dinheiro público o acesso às provas que ao longo da investigação forem sendo colhidas [...]", afirmou Faraj no requerimento enviado ao procurador-geral de Justiça do estado.
O promotor disse também que o MP não poderia se tornar parceiro de investigações de pessoas suspeitas de grave improbidade administrativa. Ele criticou ainda a postura de Justus de anunciar a entrada do órgão na investigação interna e disse que o presidente da Assembleia também é suspeito de ter participado das irregularidades. "[...] Não há lógica nessa pretensão anunciada pelo presidente da Assembleia Legislativa do Paraná. O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Nelson Justus, o comandante administrativo e presidente do Parlamento Paranaense, deve ser considerado pelo Ministério Público como possível autor de ilícitos e, como tal, ele é tão suspeito pelas ilicitudes praticadas na Casa do Povo quanto o Diretor-Geral afastado [...]", argumentou o promotor.
Além disso, Faraj fez questão de ressaltar que o papel de MP era investigar a Assembleia e não poderia ser investigar com a Assembleia.
O Ministério Publico do Paraná (MP-PR) não comentou as declarações do promotor. E o presidente da Assembleia, Nelson Justus, também não quis se pronunciar sobre o caso.
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