Presidente da Associação Paranaense dos Juízes Federais (Apajufe), Anderson Furlan não se surpreendeu com o depoimento do contador Douglas Bastos Pequeno. Ex-homem de confiança de Abib Miguel, conhecido como Bibinho, Bastos Pequeno contou em detalhes ao Ministério Público Estadual (MP) como funcionava o esquema de corrupção na Assembleia Legislativa do Paraná, que teria causado um rombo de pelo menos R$ 100 milhões aos cofres públicos. "Estou falando como cidadão, e como cidadão não me causou nenhuma estranheza. É o que todos imaginávamos, a verdade nua e crua. Uma fraude que já se repetiu em vários estados da federação. Esse esquema acontece porque no Brasil falta transparência no trato público", afirmou ele.
A Apajufe, com o apoio da seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), foi responsável pela apresentação do projeto de lei que estabelece mecanismos para garantir mais transparência na administração pública do estado. Conhecida como Lei da Transparência, o projeto foi aprovado pela Assembleia em segunda votação na semana passada.
Furlan, porém, faz um alerta em relação ao novo rumo que as investigações devem tomar a partir do depoimento de Bastos Pequeno: "O caso precisa ser conduzido de forma célere, mas sem atropelar as garantias dos acusados para que uma possível condenação não seja anulada por um tribunal superior", explicou, pregando cautela. "O depoimento do ex-contador de um dos acusados é muito importante, todavia não podemos deixar de reconhecer que os acusados têm seus direitos, devem apresentar provas a seu favor. É preciso confrontar esse depoimento com outros", emendou.
Já Clementino Vieira, secretário-geral da Força Sindical do Paraná, entidade que, assim como a Apajufe, faz parte do movimento O Paraná que queremos, acredita que o momento agora é de dar um passo a mais, de intensificar as cobranças em cima da mesa diretora da Assembleia. "Falta isso para a moralização. Temos de dar uma tacada para tirar o Nelson Justus [presidente] e Alexandre Curi [primeiro-secretário], senão eles se reelegem. Não adianta cortar os tentáculos e não mexer no cérebro", comentou.