• Carregando...
Os jornalistas Katia Brembatti, James Alberti e Gabriel Tabatcheik recebem o prêmio em Guayaquil: votação foi unânime | Divulgação
Os jornalistas Katia Brembatti, James Alberti e Gabriel Tabatcheik recebem o prêmio em Guayaquil: votação foi unânime| Foto: Divulgação

Investigação

Esquema desviou R$ 200 milhões

A série de reportagens Diários Secretos revelou um esquema de corrupção que, pelas estimativas do Ministério Público, teria resultado no desvio de pelo menos R$ 200 milhões. Os diários oficiais da Assembleia Legislativa do Paraná não eram públicos. Os documentos foram reunidos, digitados e organizados pela equipe de jornalistas do GRPCom. Mais de 700 diários serviram de base para a sequência de reportagens. As informações culminaram em um banco de dados que mostrava toda a movimentação de funcionários do Legislativo. Foi possível desvendar um sistema de contratação de funcionários fantasmas e laranjas.

Três dos principais diretores da Assembleia foram afastados e estão sendo processados. Bens de envolvidos foram bloqueados pela Justiça. Mais de 30 pessoas chegaram a ser presas. Novas regras para o controle de frequência e para a contratação de funcionários foram estabelecidas. Por ordem judicial, os diários oficiais passaram a ser publicados na internet.

A partir da série, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) encabeçou o movimento "O Paraná que queremos", que levou milhares de pessoas às ruas, em 13 cidades do Paraná, para protestar contra os desmandos na Assembleia. Um projeto de lei de iniciativa popular, que estabelece regras de transparência para a gestão de recursos em todos os órgãos estaduais, foi apresentado e aprovado no Legislativo. Hoje, a Assembleia tem 700 funcionários a menos do que tinha em março do ano passado e mais de R$ 5 milhões são economizados por mês somente em salários.

A série Diários Secretos, produzida pela Gazeta do Povo e pela RPC TV, conquistou neste fim de semana o prêmio de melhor reportagem investigativa da América Latina. As reportagens revelaram um esquema milionário de desvio de recursos públicos na Assembleia Legis­­lativa do Paraná. O trabalho já havia recebido os dois mais importantes prêmios do jornalismo no Brasil – o Grande Prê­­mio Esso de Jornalismo e o prêmio Tim Lopes de reportagem investigativa. Os jornalistas Karlos Kohlbach, Katia Brem­­batti, James Alberti e Ga­­­briel Tabatcheik, com colaboração de mais de 40 profissionais do Grupo Paranaense de Comuni­­cação (GRPCom), produziram a sequência de matérias publicadas no ano passado.

Segundo os jurados do Prê­­­mio Latino-Americano de Jornalismo Investigativo, que escolheram por unanimidade o trabalho paranaense, trata-se de "uma reportagem que combina o melhor dos novos métodos de jornalismo com o melhor da reportagem clássica, com a melhor utilização de recursos, a mais notável consistência e os mais importantes resultados". Votaram Gus­­­ta­­­vo Gorriti (Peru), Fernando Ruiz (Argentina), María Teresa Ronderos (Colômbia) e Marcelo Beraba (Brasil).

A cerimônia de entrega da premiação aconteceu na noite de sábado, em Guayaquil, no Equador, durante a 3.ª Con­­­ferência Latino-Americana de Jornalismo Investigativo. O prêmio é concedido pelo Ins­­­tituto Prensa e Sociedad (Ipys) e pela ONG Transparência In­­­terna­­­cional. No total, 183 trabalhos foram inscritos e 17 reportagens eram finalistas. A série Diários Secretos concorria com reportagens relevantes, como as matérias que levaram à queda da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, no fim do governo Lula; as que mostravam desvios de recursos nas verbas indenizatórias dos deputados de Minas Gerais; e a que provou o aumento de patrimônio em onze vezes do presidente do México, Felipe Cal­­derón. Crimes ambientais, tráfico de drogas e armas, exploração de trabalho infantil e irregularidade na atividade de minas de ouro foram temas abordados em outras reportagens concorrentes.

O segundo lugar ficou para o repórter Carlos Dada, do jornal El Faro, de El Salvador, que desvendou o plano de assassinato de Monsenhor Romero, um dos crimes políticos mais importantes daquele país. O terceiro lugar coube a Hugo Alconada, do jornal La Nación, da Argentina, por uma reportagem que mostra uma investigação de crimes financeiros usados como arma política pelo governo federal argentino. Os demais finalistas ganharam menção honrosa.

A intenção do Prêmio La­­­tino-Americano de Jornalismo Inves­­tigativo, segundo os organizadores, é incentivar a produção de informações consistentes e mostrar exemplos que possam ser seguidos em vários países. Já a conferência que acontece desde quinta-feira e termina hoje, em Guayaquil, é uma forma de apresentar os melhores trabalhos realizados na América Latina e permitir a troca de experiências entre os jornalistas para que o conhecimento possa ser reproduzido em outras reportagens.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]