O esporte como mobilização
Associações comunitárias e organizações não-governamentais (ONGs) podem atuar onde o Estado não chega. Se não houvesse, por exemplo, o espaço de lazer da Associação de Moradores da Vila Zimbros, na Cidade Industrial de Curitiba, a vila não teria local para a prática esportiva. "A associação também tem aulas de corrida de rua, futebol, vôlei e basquete no contra-turno escolar para 180 crianças", conta o presidente da instituição Geraldo Turcato.
Desde 2007, a prefeitura apoia o trabalho da associação com equipamentos e uma verba semestral. "Reconhecemos essas organizações como parceiras nas periferias", afirma o secretário municipal de Esportes e Lazer, Rudimar Fedrigo. Em áreas mais carentes, a possibilidade de os jovens praticarem esportes acaba ajudando no combate à marginalidade e à exclusão. "É um caminho para evitar que o jovem se envolva com drogas. É um trabalho amplo que deve ser desenvolvido em rede", comenta o promotor Murilo Digiácomo, da Promotoria da Criança e do Adolescente do Ministério Público.
Importantes para o desenvolvimento físico e intelectual de crianças e adolescentes, momentos de lazer, esporte e cultura também fazem parte do conjunto de responsabilidades que pais e poder público têm com relação aos menores. Enquanto o governo deve investir em políticas públicas, a família precisa garantir momentos de descontração aos filhos (artigos 58 e 59 do Estatuto da Criança e do Adolescente). "São atividades interdisciplinares e essenciais para o processo de sociabilização da criança e do adolescente", diz a psicopedagoga Regina Bonat Pianovsk.
A prática esportiva ajuda a desenvolver habilidades físicas e motoras e a aprender regras de convivência. Já as atividades culturais contribuem com a inserção do cidadão na sociedade em que vive. "Permite ao jovem um sentimento de pertencimento, que ajuda na compreensão e crítica da realidade", avalia o professor de música Carlos Alberto Assis, coordenador de curso da Escola de Música e Belas Artes do Paraná.
A própria sociedade não reconhece a importância dessas atividades como deveria. "Programas e espaços de lazer são pouco utilizados. As pessoas precisam se apropriar mais do espaço público, exercer mais os seus direitos", comenta o presidente do Conselho Regional de Educação Física do Paraná, Antonio Eduardo Branco.
Também há carência de projetos públicos que envolvam crianças e jovens integralmente. Os investimentos deixam a desejar. "Lutamos para que seja aplicado em esporte 3% do orçamento nacional, 2% do estadual e 1% do municipal", afirma o secretário municipal de Esportes e Lazer, Rudimar Fedrigo. Porém, admite que Curitiba ainda não atingiu a meta mínima de 1%.
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