A situação financeira da família de João melhora quando a mãe é promovida. Eles querem aumentar a família e decidem adotar uma irmãzinha para fazer companhia para o filho| Foto:

Dois filhos de uma vez

A produtora Rosi Nascimento, 49 anos, esperou um ano e três meses para ser mãe. Ela entrou com pedido de adoção em mais de um local. Teve de apresentar documentos e passar por entrevistas. "Sabia que a qualquer momento poderia ser chamada, mas nunca se sabe quando. Do dia para a noite, me tornei mãe. Foi uma emoção muito grande", conta. Porém, as surpresas não tinham acabado. Alguns meses depois da vinda de Rafael, Rosi recebeu a notícia de que uma menina, Júlia, a esperava para adoção. As duas crianças tinham menos de um ano de idade. Estão com 8 e 9 anos e orgulhosas de suas histórias.

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Veja o passo a passo da adoção
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Apenas 10% das 80 mil crianças brasileiras que, há dois anos, viviam em abrigos podiam ser adotadas, segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). A pequena parcela é reflexo da demora no processo que torna a criança apta para a adoção, ou seja, para que ela não tenha qualquer vínculo jurídico com a família biológica. Para contornar essa realidade, a Lei 12.010/2009 pretende agilizar o procedimento.

Entre as principais alterações está a regulamentação do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) – banco de dados com informações de futuros pais e de menores prontos para receber uma nova família. A lei ainda proíbe casos de "adoção à brasileira", em que uma criança é adotada sem passar pelo processo legal. Além disso, futuros pais devem passar por preparação prévia e exige-se que haja acompanhamento pós-adoção.

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Em janeiro passado, estavam registrados no CNA 26.138 adotantes e apenas 4.364 crianças e adolescentes aptos para adoção. Com essa diferença, pode-se imaginar que todas conseguirão um lar, mas não é isso que acontece. Muitos candidatos têm preferências não atendidas – por exemplo, 82% optam por não adotar irmãos, enquanto 71% dos menores têm irmãos nos abrigos.

Outro obstáculo é o fato de a maioria das crianças ter sofrido violência doméstica, negligência e até abuso sexual. Isso dificulta a adoção, já que as famílias não querem vítimas. Dificuldades que vêm sendo contornadas aos poucos, de acordo com a promotora Marília Frederico, da 2.a Vara da Infância e Juventude.

Homossexuais

Uma das recentes polêmicas sobre o assunto diz respeito aos casais homoafetivos que desejam adotar crianças. Nos últimos anos as decisões judiciais favoráveis vêm aumentando, inclusive no Paraná, mas a jurisprudência ainda se encontra dividida sobre o assunto.