Por causa da morte do ex-vice-presidente José Alencar, a presidente Dilma Rousseff, que está em Portugal, decidiu que retornará ao Brasil amanhã pela manhã. O retorno ocorrerá logo depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva receber o título de "doutor honoris causa" da Universidade de Coimbra. "Nós tínhamos um relação de irmãos, de pai e filho", afirmou Lula sobre seu vice.
Confira a cobertura completa sobre a morte de José Alencar
Segundo Dilma, será decretado luto oficial por 7 dias. O publicação do luto oficial estará presente na edição de amanhã no Diário Oficial da União. Neste momento, no entanto, as bandeiras do Palácio do Planalto já estão hasteadas a meio mastro, em luto pela morte do ex-vice-presidente.
Em Coimbra, muito emocionados e com lágrimas descendo dos olhos, a presidente Dilma e o ex-presidente Lula lamentaram profundamente a morte de Alencar. Dilma concedeu entrevista e se desculpou pela declaração que tinha feito momentos antes à imprensa. Ela havia dito que estava acompanhando a situação do ex-vice-presidente com muita preocupação, mas ressalvando que ele "sempre surpreendia", demonstrando esperança.
A presidente esclareceu que, quando fez esse comentário, não sabia que o falecimento já tinha ocorrido. "Não sabíamos que o nosso querido José Alencar já tinha morrido. Nós estamos em um momento de muito sentimento. Eu tenho uma grande honra de ter convivido com ele. Foi presidente da República por mais de oito meses. Estou oferecendo o Palácio do Planalto à família para que o corpo dele seja velado na condição de chefe de Estado", disse a presidente da República.
Dilma e Lula haviam se recolhido para uma conversa quando receberam ligação do médico de José Alencar, Raul Cutait, que telefonou para dar a notícia. Lula e Dilma tiveram a ideia inicial de retornar imediatamente para Brasília, mas diante do fuso horário e das primeiras providências que precisam ser tomadas pela própria família de Alencar, decidiram adiar a decolagem de Portugal para amanhã de manhã.
A partida ocorrerá tão logo o ex-presidente Lula receber o título de "doutor honoris causa" na universidade de Coimbra. Não haverá qualquer comemoração por ocasião da entrega do prêmio, marcado para as 10h30 (horário local). As visitas ao presidente Cavaco Silva e ao primeiro-ministro José Sócrates estão adiadas.
Dilma disse que já conversou com o filho de José Alencar, Josué, e que ele informou que depois da cerimônia no Palácio do Planalto acompanhará as demais homenagens ao pai. A presidente disse que espera estar em Brasília na tarde de amanhã. "Falei com Josué e depois irei ao sepultamento, em Minas", declarou. Enquanto falava, as lágrimas desciam dos olhos de Dilma.
O ex-presidente Lula, ao lado de Dilma, estava ainda mais emocionado e chegou a chorar fortemente. Lula fez muitos elogios a Alencar e lembrou de quando o conheceu e o escolheu para ser o seu candidato à vice-presidência. Recordou que havia perdido muitas eleições e que sempre tinha a mesma quantidade de votos, em torno de 30%. "Eu precisava do restante e o restante era o Zé Alencar. Quando o conheci, eu disse: encontrei o meu vice", declarou.
Lula salientou a lealdade, a dedicação e a capacidade de trabalho de Alencar, acrescentando que "nunca teve uma vírgula de divergência com ele". O ex-presidente foi mais além nos elogios. "Não existe um vice como o meu. Nós tínhamos um relação de irmãos, de pai e filho", afirmou. "É fácil elogiar quem morre porque todo mundo que morre vira uma pessoa boa. Mas ele é especial", completou.
O ex-presidente contou que estava visitando semanalmente Alencar. Relembrou que na última campanha presidencial, apesar da sua dificuldade, por causa da doença e até uma certa fraqueza Alencar fez questão de subir em um carro e acompanhar Dilma em Belo Horizonte por quatro horas. "Eu tenho de fazer isso para ajudá-la a ganhar", foi a frase de Alencar, relembrada por Lula.
Para Lula "foi um descanso" para Alencar, que "estava sofrendo muito há seis meses". Lula completou dizendo que alguns meses atrás Alencar pediu sua opinião se deveria parar de tomar os medicamentos, pois eram muito agressivos. Lula disse que era a favor de que ele parasse e que vivesse de forma "mais intensa, mais prazerosa" o resto de sua vida. "Vou dedicar o prêmio, amanhã, a ele", afirmou Lula.
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