Perguntas e respostas
O que fazer para formar uma associação:
Qual é a hora de montar uma?
Quando os moradores de uma comunidade têm ideias para melhorar a qualidade de vida do lugar em que vivem.
Como legalizar?
Registrar estatuto, ata de fundação e posse da diretoria em cartório. Inscrever a associação no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Depois de um ano de funcionamento, fazer o registro no Conselho Municipal de Assistência Social.
Por que se legalizar?
Uma associação legalizada tem mais facilidade para se relacionar com outras organizações. Pode participar de programas do governo e tem mais credibilidade.
Como formar uma entidade?
O primeiro passo é formar um grupo que se responsabilize por criar reuniões com interessados para discutir a associação, colocar no papel as ideias e as ações que irão realizar, elaborar o estatuto da associação e convocar moradores para a assembleia.
Serviço
Informações detalhadas sobre cada um desses processos podem ser obtidos na Femoclam, pelo telefone (41) 3224-5000.
Eles não vão para a Câmara, Assembleia ou para o Senado, nem estão ocupando uma secretaria de governo ou ministério. Mesmo assim, fazem política todos os dias, participando ativamente da comunidade e se unindo a outros moradores para melhorar o lugar onde vivem. Em Curitiba, há pelo menos 600 associações de bairro, grupos e outras entidades formadas exclusivamente por iniciativa da população. Pessoas fazendo política diariamente com as próprias mãos.
ESPECIAL: Veja um mapa com todas as associações de bairro de Curitiba
Os números divergem de acordo com a fonte. Mas, ainda assim, a quantidade é expressiva. A Federação Comunitária das Associações de Curitiba e Região Metropolitana (Femoclam) fala em 850 entidades. Para o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), são 622. Já a Fundação da Ação Social de Curitiba (FAS), contabiliza 712 associações comunitárias.
Transformação
Pequenas ações, como ajudar a manter uma praça perto de casa, já coloca o cidadão ao lado do poder público. A aproximação entre pessoas com um objetivo em comum pode ser o primeiro passo para a mudança de uma realidade, avalia a professora Paula Chies Schommer, do departamento de Administração Pública da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). "Quando o cidadão se envolve, ele percebe que existe uma lacuna que o Estado não consegue alcançar e que nesse ponto ele pode agir. Não se interessar pela vida pública é cômodo para a pessoa, que pode jogar a culpa de tudo o que está errado para o governo. E, por outro lado, não deixar os cidadãos participarem da política é cômodo para o Estado, que pode exercer o poder sem controle e servir a interesses individuais", diz a professora.
A Gazeta do Povo saiu em busca de pessoas que fazem a diferença em todas as nove regionais da cidade. Com a ajuda dos vizinhos, elas conseguiram transformar problemas em potencialidades. Conheça as suas histórias:
Regional Pinheirinho
Cansados de sofrer com furtos e assaltos na rua de casa, moradores do Pinheirinho inventaram um sistema de segurança diferente. A rua foi equipada com sirenes e câmeras de vigilância. Quando alguém tenta entrar em uma casa, eles ligam o alarme e chamam a polícia. O estardalhaço faz o estranho ir embora. "Os assaltos baixaram para quase zero", diz Ronaldo Pereira Farias (foto 1), um dos idealizadores da iniciativa. Outros bairros reproduziram a ideia e agora há sirenes no Xaxim, Guabirotuba, Jardim das Américas, entre outros.No Caximba, outro bairro da regional do Pinheirinho, Jadir Lima fez uma revolução para fechar o aterro sanitário do bairro. Incomodado pelo mau cheiro e pelo preconceito de ouvir que morava no "bairro do lixão", resolveu entrar em contato com o Ministério Público. Buscou os processos e estudou muito."A gente tem que falar de igual para igual, se não tentam nos enrolar", diz. Depois de sete anos, desde a madrugada do dia 1º de novembro de 2010, nenhum caminhão nunca mais levou lixo para o bairro.
Regional CIC
Irmã Anete Giordani é referência no trabalho que realiza com crianças e adolescentes na Vila Sabará, na Cidade Industrial de Curitiba. A irmã comanda o Centro de Assistência Social Divina Misericórdia e atua no Sabará há 14 anos. Antes, a Vila era conhecida pelos assassinatos motivados pelo tráfico. Hoje, o trabalho realizado ajudou a reduzir a violência. Mas para Irmã Anete, seu trabalho não é tirar as crianças da rua, mas sim torná-la um lugar de todos. "A rua é um lugar de cidadania. Ela pode ser boa ou ruim. Depende o que fazemos dela", diz.
Regional Boqueirão
No Hauer há quem não se conforma com os problemas do bairro e age para mudar existe Conselho de Saúde, de Segurança e várias associações de moradores. Incentivar atuação deles é o trabalho da estudante de Psicologia Adriane Vieira. Ela faz parte da Rede de Desenvolvimento Local projeto do Sesi que instiga os moradores a serem protagonistas da mudança no local onde vivem. Para Adriane, o bairro precisa de todas essas entidades mas elas tem que estar unidas. "O poder público passa a respeitar o bairro e a trabalhar junto para que as coisas aconteçam", diz a estudante.
Regional Cajuru
O Uberaba tem internet de graça em alguns pontos desde 2011. A iniciativa partiu de uma parceria entre moradores e empresas. "Inclusão digital é essencial. Agora você pode até ser analfabeto, mas tem que saber mexer em um computador", brinca José Juvanci Silva, um dos que se empenharam para tirar o projeto do papel. O objetivo da rede é atingir até 17 mil pessoas.
Regional Sta. Felicidade
Para conseguir financiar alguns projetos comunitários no bairro, os moradores do São Braz decidiram juntar o lixo reciclável produzido por eles mesmos e vendê-lo a cooperativas. A coleta foi iniciada no Colégio Padre Silvestre Kandora. Para o diretor do colégio, professor Cícero Donadeli, o projeto tem tudo para dar certo. "Se todos queremos um bairro melhor, por que não desenvolvê-lo com o que ele mesmo produz?"
Regional Boa Vista
Professora de História, nascida no Pilarzinho, Sônia Brüsch estudou no mesmo colégio em que leciona até hoje. O pedido de ajuda de um senhor idoso, que queria tirar o status de analfabeto de sua identidade, fez com que ela iniciasse um trabalho de alfabetização de idosos. Ela percebeu que a alfabetização é uma forma de as pessoas conseguirem respeito. "Temos que assumir um papel por aqueles que muitas vezes não conseguem reclamar", diz.
Regional Bairro Novo
Um grupo de pessoas reuniu objetos, fotos e relatos de moradores e criou o Museu de Periferia do Sítio Cercado. "É um lugar para os nossos filhos conhecerem o bairro, a história dele e das suas pessoas. Eles têm que valorizar onde vivem", conta Palmira de Oliveira (foto 2), uma das idealizadoras do museu e que também faz parte do Conselho Comunitário de Segurança do bairro.
Regional Portão
A diarista Ruth Xavier Milke não faz parte de nenhuma associação de moradores, mas por iniciativa própria faz questão de ajudar a comunidade. Sem formalidades ou burocracias, ela vai atrás de quem precisa de alguma coisa na pequena Vila Nina, comunidade com 79 famílias dentro do Fazendinha, e faz acontecer. "Quando não tem remédio na unidade de saúde, a gente organiza vaquinha para comprar. Se tem jovem na rua, a gente consegue curso, trabalho", conta.
Regional Matriz
Com tanta coisa acontecendo durante a noite, o bairro São Francisco pode passar despercebido durante o dia. Por isso, os empresários da região criaram o Circuito São Francisco, evento que busca ocupar as ruas do local, criando uma programação especial em que as lojas oferecem oficinas e apresentações culturais. Para o empresário Vinícius Franch, o evento ajuda a chamar a atenção do poder público para as potencialidades e os problemas do local."Se cada um fizer um pouco, a coisa melhora."
Isso é Política | 3:08
A Gazeta do Povo conversou com Caíque Ferrante, secretário municipal de Relações com a Comunidade. Ele explica, por exemplo, como os cidadãos podem fazer solicitações ao município.
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