Não apenas eventos da iniciativa privada como a Quadra Cultural, mas festas populares institucionalizadas como o carnaval podem ser exemplos de mobilização política. O carnavalesco Itaércio Rocha, fundador do bloco Garibaldis & Sacis, trouxe para as ruas a contestação popular e a afirmação da resistência política do povo. "As festas populares se configuram como ato de resistência, pois revelam a existência de saberes distintos dos conhecimentos das classes dominantes, tidos, geralmente, como únicos e preferidos. São o momento em que se confirmam e se reforçam identidades, ideias de pertencimento a esta ou àquela comunidade, bairro ou país", escreveu Rocha em um artigo publicado recentemente na Gazeta do Povo.
Natural de São José do Ribamar, no Maranhão, mas paranaense de coração, o carnavalesco montou o bloco na década de 80, depois de ouvir que o carnaval de Curitiba "não tinha batuque". Quase três décadas depois, o bloco, que marca o pré-carnaval, é ainda mais forte do que o carnaval oficial da cidade, por falar melhor à população. Ele considera que é nas "festas de momo" que se pode observar a grande capacidade que as comunidades festeiras possuem de se organizar e estabelecer um rico espaço para criar e transmitir conhecimentos artísticos. É dessa forma que "discutem os problemas das comunidades, e expõem os seus desejos de dias felizes", declarou no mesmo texto. Unir classes sociais diferentes, ocupar o espaço público e engajar-se em movimentos espontâneos é negociar com diferentes instâncias para promover a felicidade da população.
Iniciativa
Engajar toda uma vizinhança para realizar eventos e promover melhorias, como Magrão faz no São Francisco, requer, antes de tudo, uma boa causa. Confira algumas dicas para seguir seus passos:
1. É preciso identificar os problemas em sua área. Aqueles que incomodam a todos há tempos, mas que, por alguma razão, ainda não foram resolvidos. Organizar a vizinhança em uma associação é uma boa maneira de conseguir representatividade em órgãos públicos.
2. Conquistar aliados. Seja um político, um empresário ou uma pessoa influente no meio político, é importante que alguém abrace sua causa e o ajude perante órgãos públicos.
3. O mais importante, de acordo com Magrão, é ser honesto e transparente. Manter um diálogo com seus apoiadores também evita discussões desnecessárias uma vez que as ações são desencadeadas.