Trabalhadores
Sindicatos saem às ruas para pôr em pauta a agenda trabalhista
Sindicatos de trabalhadores também costumam fazer política. As manifestações sindicais da última quinta-feira foram um exemplo disso, numa estratégia das entidades sindicais para acompanhar os movimentos populares das últimas semanas e para pôr em discussão a agenda trabalhista. Ícone da esquerda brasileira, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), maior central sindical do país, foi uma das organizadoras do Dia Nacional de Lutas. A CUT hoje se esforça para mostrar independência em relação ao PT, tradicional aliado que está no comando do governo federal há dez anos. "Fazemos uma discussão bem franca sobre isso. De fato, surgimos no mesmo período histórico, com a mesma base e com lideranças em comum, mas repetimos aqui: governo é governo, partido é partido e movimento é movimento. Temos nossas próprias reivindicações", diz Daniel Mittelbach, secretário de Comunicação da CUT-PR.
Para atestar a independência da entidade, Mittelbach cita dois exemplos: "No governo do ex-presidente Lula fizemos o dobro das greves feitas no governo Fernando Henrique Cardoso. Recentemente, criticamos publicamente um ministro petista paranaense ligado ao movimento sindical [Paulo Bernardo, ministro das Comunicações]." O sindicalista afirma que a entidade sempre trabalhou politicamente com princípios bem claros. "Nossa luta principal é a defesa dos trabalhadores. Sempre estivemos nas ruas por isso, ao lado dos estudantes, desde nossa fundação. Temos carregado, por exemplo, a bandeira da redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais."
Os protestos de rua que atingiram as grandes cidades brasileiras nas últimas semanas mostraram como é possível fazer política sem necessariamente seguir a pauta dos partidos, sempre prontos a transformar insatisfação popular em mera disputa eleitoral. Por outro lado, os slogans que se tornaram populares nos protestos ("O Gigante Acordou") indicavam um suposto estado de torpor da sociedade civil brasileira, interrompido abruptamente pelo barulho dos jovens. A ideia é falsa. A pressão popular mais efetiva, com a ida de multidões para a rua, de fato estava esquecida. Mas, antes do junho dos protestos, amplos setores da sociedade permaneciam organizados, discutindo e fazendo política em entidades, de forma independentemente do jogo partidário.
"Nossa entidade sempre teve uma forte e histórica participação política", diz Gláucio Geara, coordenador do Conselho Político da Associação Comercial do Paraná (ACP). Antes do início dos protestos, a ACP já mostrava, por exemplo, sua preocupação com a tramitação da Proposta de Emenda Constitucional n.º 37 (PEC 37) projeto que, se aprovado, proibiria o Ministério Público de fazer investigações criminais. "Discutimos a PEC 37, o Estatuto da Micro e Pequena Empresa e a instalação do Tribunal Regional Federal no Paraná. Agora estamos levantando a bandeira da federalização das universidades estaduais no Paraná", diz Geara.
A discussão política também está presente na Federação da Agricultura do Paraná (Faep). "Durante a votação do Código Florestal no Congresso, levamos 5 mil produtores rurais para Brasília", diz Carlos Augusto Albuquerque, assessor da presidência da Faep.
Segundo ele, a pressão política é sempre precedida de diálogo interno e estudos técnicos. "Debatemos com os mais de 180 sindicatos filiados. Fazemos os estudos com os nossos técnicos e aí passamos para o contato com os políticos", explica. Além das articulações motivada por projetos do governo ou do Legislativo, a Faep atua com bandeiras históricas e estruturais. "A questão da logística, da infraestrutura das estradas até o porto, é uma reivindicação nossa permanente, para os governos federal e estadual", diz Albuquerque.
Acompanhamento
Na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), um departamento de assuntos legislativos faz o acompanhamento dos projetos que tramitam na Assembleia Legislativa. "Desde que surgem, estamos de olho nas propostas, verificando qual o impacto delas para o setor produtivo", diz o presidente da Fiep, Edson Campagnolo,
De acordo com ele, a Fiep estuda a formalização de um conselho político próprio. Juntas, ACP, Fiep, Faep e outras quatro entidades (Fecomercio, Fetranspar, Faciap e Ocepar) também atuam politicamente, por meio, do chamado G7. Recentemente, representantes desse grupo pediram mais agilidade da União na liberação de empréstimos para o Paraná.
Não é só “adeus, Disney”: como o dólar alto afeta sua vida e a economia
Alexandre de Moraes transforma liberdade de Daniel Silveira em nova punição; acompanhe o Sem Rodeios
PEC de deputados que corta o triplo de gastos ainda busca assinaturas para tramitar
Preço da carne deve subir de novo, e por um bom tempo