Especialistas em ciência política e profissionais que atuaram diretamente na campanha eleitoral iniciam hoje na Universidade Federal do Paraná (UFPR) um simpósio para discutir as eleições 2006 e o futuro da democracia. Até quinta-feira, o grupo vai analisar o programa de governo, as posições políticas e o eleitorado dos dois candidatos que disputaram o segundo turno – Roberto Requião (PMDB) e Osmar Dias (PDT) – a participação da mídia, o trabalho da Justiça Eleitoral no controle do abuso do poder econômico e tentar amarrar a formação de um núcleo de cientistas políticos para acompanhar as eleições.

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A participação dos analistas políticos nunca foi tão grande como na última campanha eleitoral. "A eleição dependia do faro do candidato, depois da inteligência do marqueiteiro e especialistas na área eram pouco ouvidos. Agora aumentou muito a visibilidade do cientista político na medida em que a política está se tornando muito profissional e competitiva", diz o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Adriano Codato, um dos coordenadores do encontro.

A categoria, segundo ele, é representada no Paraná por poucos profissionais. Na UFPR por exemplo, são apenas 6 professores, mas está crescendo a demanda por profissionais que interpretem dados eleitorais, votação e postura dos candidatos dentro de um contexto histórico e socio político.

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Como exemplo, Codato cita a vitória de Roberto Requião nos pequenos municípios. O resultado, segundo ele, é uma repetição da história porque a eleição de Jaime Lerner (PSB) também foi idêntica. "O voto nas pequenas cidades é governista porque é influenciado pelo prefeito e deputados que dependem da liberação de recursos do governador", diz Codato. "Os mapas eleitorais são difíceis de entender e precisamos de tempo para entender se há ou não uma mudança no comportamento do eleitorado".

O programa de governo de Requião e Osmar Dias também serão debatidos. O professor de Ciência Política das Faculdades Curitiba, Carlos L. Strapazzon, está concluindo mapeamento das propostas dos dois candidatos e vai apresentar uma metodologia de análise para verificar se o programa é detalhado ou vago. "Pouca gente lê de forma cuidadosa e detalhada e sentimos falta de uma forma de avaliação dos pontos fracos e fortes das propostas. Na próxima eleição, devemos ter uma forma de fazer uma análise mais rápida para ajudar o eleitor", diz Strapazzon.

A intenção de Codato e Strapazzon é criar um grupo de especialistas para fazer uma análise permanente da política no Paraná. O encontro que começa hoje é organizado pelo Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira da UFPR e pelo Núcleo de Pesquisa "Curitiba Pensa o Paraná" das Faculdades Curitiba e vai servir de largada para esse projeto dos cientistas.