O Ministério do Esporte remontou o principal programa da pasta, o Segundo Tempo, e eliminou as organizações não governamentais (ONGs) dos convênios. A partir de agora, não há mais repasse de dinheiro público para ONGs e todos os convênios são assinados com os governos estaduais, prefeituras e universidades públicas.
O viés assistencialista, que consumia 40% das verbas com fornecimento de alimentação para as crianças que frequentam os núcleos esportivos, também foi eliminado - era uma sobreposição de tarefas, uma vez que já existe a merenda escolar para cuidar do estômago dos estudantes.
Segundo o ministério, também não será renovado o convênio com a ONG Bola Pra Frente, dirigida pela ex-jogadora de basquete Karina Rodrigues, filiada ao PC do B e vereadora na cidade de Jaguariúna (SP). A ONG mantém um contrato de R$ 13 milhões com o Ministério do Esporte, mas já recebeu, desde 2004, outros 15 milhões.
"O convênio vigente (dos R$ 13 milhões) termina no fim do ano, e não será renovado", disse ao Estado o secretário Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social, Wadson Ribeiro. A ONG de Karina, que domina o atendimento no interior de São Paulo cobrava uma taxa de R$ 15 das prefeituras para implantar o programa.Uso eleitoreiro
As mudanças vieram no rastro de uma série de reportagens do jornal O Estado de São Paulo editada em fevereiro passado. Só em 2010, o ministério distribuiu pelo menos R$ 30 milhões a ONGs, muitas delas de dirigentes políticos, a começar por aliados do partido do ministro Orlando Silva, o PC do B.
Ao percorrer núcleos esportivos do DF, GO, PI, SP e SC, a reportagem flagrou convênios com entidades de fachada. Em vez de oferecer a prática esportiva a crianças e jovens carentes, o jornal encontrou espaços precários e uma rede de empresas fantasmas que forneciam notas frias para atestar a venda de alimentos para o Segundo Tempo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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