No comando da segunda parte da defesa de Duda Mendonça e Zilmar Fernandes, o advogado Antonio de Almeida Castro, o Kakay, sustentou nesta quarta-feira (15) que o esquema do mensalão não ocorreu. "Não existiu o mensalão e isso está provado nos autos. O que existiu é a tese de defesa do delator, homem sem credibilidade. A palavra dele não vale nada", disse.A defesa de Duda e Zilmar foram as últimas das 38 a serem apresentadas durante o julgamento do mensalão. A partir de agora, o ministro relator do caso, Joaquim Barbosa, pode iniciar o seu voto.

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Em sua fala, Kakay apostou em uma série de frases de efeitos e ataques diretos ao Ministério Público Federal e ao delator do mensalão em sua fala.

Segundo ele, a denúncia da Procuradoria Geral da República "é uma tese de defesa do delator e presidente do PTB, Roberto Jefferson, criada depois que seu partido foi flagrado em esquema de corrupção nos correios. "Ele não pode se defender, então ele atacou. Vocês devem lembrar quando ele [Roberto Jefferson] disse para Dirceu [ex-ministro da Casa Civil] que ele despertava nele os instintos mais primitivos. É essa prova que vocês querem usar?", questionou.

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Para Kakay, não há provas contra Duda, publicitário da campanha presidencial de Lula em 2002, e sua sócia Zilmar. "Há uma vontade de acusar que preocupa", disparou.

Leandro e Leonardo

Ele ironizou a falta de individualização dos atos dos dois sócios, dizendo que para o Ministério Público Federal os dois pareciam a mesma pessoa. "Até brinquei com o ministro Fux que achei que os dois fossem uma pessoa só, como Leandro e Leonardo [...] sem individualizar nenhuma conduta", disse. "É como se não tivesse personalidade, não existisse. O crime do Duda por ter aberto conta lá fora, ela é denunciada. É até uma falta de respeito", completou.

Segundo a Procuradoria, os dois cometeram crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição financeira. Duda recebeu R$ 11,2 milhões do valerioduto, sendo que parte foi transferido para contas no exterior. Zilmar teria sacado R$1,4 milhão do esquema.

Kakay disse que Zilmar fez todos os saques pessoalmente, no banco Rural, e que ela esperava receber um cheque administrativo, mas recebeu os R$ 300 mil em espécie.

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Ladainha

Ele rebateu declaração do procurador-geral, Roberto Gurgel, que, em entrevista, disse que não houve fato novo apresentado nas defesas dos réus e classificou a tese de 'ladainha". "Nunca é uma ladainha o que o advogado diz", respondeu.

O advogado questionou privilégios ao procurador-geral no STF, como o de sentar ao lado dos ministros. "Enquanto o senhor procurador-geral vive neste Supremo, ao advogado resta o nervosismo de, uma vez ou outra, ter a oportunidade de fazer defesa nesta tribuna. Outro dia, um advogado viu o procurador-geral entrando junto com os ministos no plenário e perguntou: 'ele vota?' e eu tive que explicar que não", disse.

E atacou: "O senhor lancha com os ministros. Eu não posso nem pegar minha barrinha de cereal. Não estou criticando, estou dizendo das diferenças e angústias dos dois lados".

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